O brasileiro mergulhou, nos últimos quatro anos, num mar de divisão política ideológica que, além de estimular a violência social, criou um clima de desarmonia entre as instituições e contribuiu para a estagnação do desenvolvimento nacional. A pauta em discussão não deve mais ser guiada pela divergência e conflitos, mas pela conciliação. Há muito a ser feito!
Não há tempo para confusão quando milhares de famílias convivem com a miséria, o déficit educacional atinge índices absurdos, a inflação de alimentos esvazia a mesa do trabalhador, o desemprego assola a indústria e a devastação criminosa da floresta permanece crescente.
As intrigas entre o Governo Federal e governadores prejudicaram as relações internas e refletiram diretamente na qualidade de vida do povo. E a política externa brasileira deixou de ser referência mundial: mais rompeu do que firmou parcerias.
Na Amazônia, em vez de estimular conflitos, chegou a hora de encontrar soluções aos que vivem em meio a riquezas naturais, mas passam fome. Servidores públicos esperam pela aceleração do processo de transposição para o quadro da União, estradas federais estão inacabadas, e a relação com a França precisa ser amplificada, principalmente pela posição estratégica da fronteira entre Oiapoque (AP) e a Guiana Francesa.
Temas norteados pela superficialidade e teorias conspiratórias ofuscaram assuntos relevantes e que, de fato, interferem no dia a dia. Em meio a tantas dificuldades, não é aceitável dar espaço à obstrução da agenda do que realmente interessa ao país - nela, entre outros temas: os mais de 33 milhões de cidadãos sem ter o que comer e a necessidade de tornar o Brasil líder de um pacto global sobre o clima.
Os debates entre distintas forças políticas democráticas podem e devem permanecer, mas é emergencial a necessidade de convergência de ideias e esforços pela reconstrução do país.
Executivo, legislativo e judiciário são independentes e assim devem continuar. As intrigas plantadas entre eles e repercutidas por grupos organizados não serão mais o destaque da gestão federal. Afinal, é na atuação independente e legal que o respeito se estabelece.
Entramos num período de transição de gestões, momento em que a colaboração entre os entes envolvidos nesse processo será fundamental para a transparência e planejamento do novo governo. Ao vencedor não cabe a soberba, e ao derrotado não cabe o ódio.
A campanha eleitoral e a disputa por votos ficaram para trás. Restam agora problemas econômicos, sociais e ambientais carecendo de soluções urgentes. Chegou a hora de trabalhar pelo e para o povo!
Randolfe Rodrigues é senador da República (Rede/AP)