Minha paz interior
Antes de continuar buscando vencer a batalha com o outro e outro e outra, que tal descobrir como se desenvolve um bom diálogo interno?
Antes de continuar buscando vencer a batalha com o outro e outro e outra, que tal descobrir como se desenvolve um bom diálogo interno?
Já escutaste que a gama de conflitos não resolvidos e acumulados que está na base das violências no mundo é um espelho do mundo interno humano?
Que projetamos nossas guerras internas no meio em que vivemos?
E que se aprendermos a lidar com conflitos intrapessoais teremos uma relação mais tranquila até com pessoas que consideramos mais desafiadoras?
Vejamos: se focares a atenção em teus pensamentos é possível que aqui e ali percebas algo como uma "discussão" entre aquilo que necessitas realmente e as demandas externas introjetadas: cobranças por ainda não seres o que "deverias" ser, por não teres chegado onde "tinhas que" estar, comparações com outras pessoas, julgamentos desqualificadores sobre ti mesmo e teus comportamentos...
É possível que aches "dentro" algo como um "tribunal de justiça", onde um "promotor" implacável atua sem direito a presença do"advogado de defesa", funcionando sob às vistas de um "expectador" cheio de pena por um "réu" inadequado e insuficiente.
Uma luta interna geradora de tristeza, raiva, angústia, ansiedade, cansaço, apatia...
Aí, chega alguém de súbito e te repreende, cobra, reclama e...te corrige sem que tenhas pedido esse apoio... e o ódio te queima...
É que já estava ardendo antes.
Sabe aquele teu horror a críticas e censuras? Vem daí. E aí é possível que se inicie, de imediato, uma discussão com aquele "juiz" que veio de fora, te ecoando, a quem vás considerar como a causa da tua dor.
O que aconteceu?
Ele deitou sobre tua "chama" uma porção a mais de combustível e a explosão aconteceu.
Se estivesses em paz contigo mesmo o julgamento do outro seria recebido de forma tão medonha?
Provavelmente não. E terias tido até uma boa conversa com teu pretendente a "juiz".
Antes de continuar buscando vencer a batalha com o outro e outro e outra, que tal descobrir como se desenvolve um bom diálogo interno?
Para tal precisamos despertar em nós, uma parte nossa que assuma a responsabilidade pela transformação de nossos conflitos internos em aprendizagem: um "educador interno amoroso".
Um sábio que existe dentro de cada um de nós e que, no lugar de lutar contra o "promotor" taxando-o de "sabotador", busca compreendê-lo: qual o sentido de sua presença em mim?
Quase sempre o "promotor" esteve à serviço de auto-proteção.
Foi recrutado lá na infância enquanto estávamos descobrindo estratégias para nos incluir. Imaturos, imaginávamos que, para sermos valorizados e pertencermos à família e à outros grupos queridos, precisávamos responder positivamente à todas as expectativas dos outros.
Tal "missão impossível" nos desconectou da satisfação de nossas necessidades e daquilo que precisávamos realizar para sermos felizes, descobrir nossos verdadeiros dons e talentos e o sentido de nossa vida: pra que existo?
O "educador interno amoroso" desperto, reconhece-nos como um ser em desenvolvimento. E acolhe-nos no estágio em que estamos, buscando compreender o "para que ainda estamos assim?" Auto-aceitação - que nada tem que ver com acomodação - é ponto de partida para mudanças.
O diálogo entre o "educador interno amoroso" e o "promotor" é capaz de atualizar e amadurecer as estratégias de inclusão. Pois há muitas outras possibilidades que são libertadoras.
Exemplos?
Ele pode investigar (Auto-observação) nossos dons e talentos, pois sabe que esse é o "rio" por onde fluem habilidades que se transformam em competências.
E pode também identificar e buscar formas de satisfazer nossas necessidades (Auto cuidado), com respeito aos nossos vínculos relacionais.
Quando alguém se engaja neste mergulho de conexão consigo, exercita o realizar-se, livre e responsavelmente. E torna-se mais capaz de cooperar na construção de um mundo amoroso.
Sim, pois é fácil exportar para os outros o que já exercitamos conosco.
E o mundo só agradece!