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O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

O que têm em comum Rômulo e Remo e a Iara amazônica...

Isso acontece com quem gosta de história e de mitologia

Océlio de Morais

Quem chega em Roma logo fica pensando no mito romano da fundação da cidade: a estória de Rômulo e Remo – irmãos gêmeos, filhos do deus grego Ares (ou Marte) com a mortal Rhea Silvia, filha de Numitor, rei de Alba Longa – amamentados pela Loba Capitolina, que os encontra à margem do rio Tibre, até depois serem encontrados por Fáustulo, um humilde camponês, que os adotou.

Eu sempre ficava me perguntando, quando adolescente nas aulas de história geral no seminário são Pio X e no Colégio Dom Amando em Santarém, sobre a maternidade da loba e seus dois filhos adotivos, e a tragédia que os envolveu.

Acho que agora tenho uma explicação razoável.

Como em todas as “relações” entre “deuses” e mortais, depois dos desfrutes dos prazeres, há sempre um castigo ou tragédia finais: com a estória de Rômulo e Remo não foi diferente.

Rômulo matou Amúlio, o rei tirano que jogou os dois irmãos no rio Tibre. E, após libertar Remo da prisão, o matou numa briga motivada por inveja entre ambos. E, por fim, conta a mitologia romana: Rômulo é tido como o fundador da cidade de Roma, dela se tornando o primeiro rei.


Ao dar o prazer, não a maternidade completa a Rhea Silvia, confiando a amamentação à loba, teria o deus Marte insinuado que a loba seria mais guerreira e protetiva aos seus filhos do que a humana? 

A sequência dessa lenda sugere que sim: o deus Marte deu a vitória ao mais forte, porém, sinalizando que os romanos seriam guerreiros e conquistadores, mas também vulneráveis pelo sentimento da inveja. Por esse tipo jogo entre deuses e mortais, a mitologia tem uma espécie de poder mágico para encantar e aprisionar a pessoa.

Mas também tem uma espécie de sonho libertário (aquele tipo de sonho que nunca se teve mas seria bom experimentar), porque a imaginação tem o poder de transportar a pessoa para todos os lugares possíveis dos desejos e das curiosidades humanas.

É o que acontece agora nas andanças aos pontos mitológicos da antiga Roma: enquanto a imaginação me instiga às curiosidades da estátua da Loba Capitolina com Rômulo e

Remo, outra imaginação paralela me leva de volta à minha Amazônia brasileira: a imaginação sobre a nossa lenda amazônica, o mito da nossa rainha mitológica, a rainha sereia Iara – a encantadora e encantada sereia (com sua sedutora pele morena, cabelos negros e longos, e olhos castanhos), que habita as profundezas do Amazonas.


O deus Marte seduziu e engravidou a Rhea Silvia, mas logo vem a primeira maldade: não lhe deu o prazer da amamentação nem da criação, legando os dois à “loba-mãe”,
como se dissesse que o animal era mais digno e confiável à amamentação e proteção. 

E assim o deus traçou a estória de filhos prescritos, com o destino trágico dos dois irmãos.

Os deuses da mitologia grega enfeitiçam os mortais e sobre eles exercem o poder, subjugando-os como escravos de seus caprichos.

A mitológica Iara também é uma deusa que enfeitiça os homens pelo canto irresistível para atraí-los ao fundo do rio e com eles se casar, e, depois, descartá-los, tal como faziam os deuses da mitologia da mitologia grega.

Todas paixões e amores mitológicos são recheadas de inveja. Para os deuses, a inveja era o veneno perfeito para alimentar as intrigas e as tragédias.

A inveja plantada pelo deus Marte entre Rômulo e Remo, na mitologia romana, também existe na mitologia amazônica: os irmãos de Iara também por ela foram mortos, em reação à tentativa destes em matá-la, motivados pelo sentimento da inveja.

Acho que os deuses colocaram em suas origens a estória fratricida porque lembraram da história de Caim e Abel – história da qual também já sabemos o desfecho do fratricídio, coisas que levam à pergunta: a mitologia reproduz a realidade ou a realidade encarna a mitologia?

Agora, a imaginação é com vocês.

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Océlio de Morais
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