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O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

Natureza criança e natureza adulta: lobos e ovelhas

Océlio de Morais

Eu que vivi  mais de meio século – folheando as páginas do livro de minha vida – já desejei por muitas vezes voltar a ser criança. É possível que milhares de milhões de pessoas, lá nas suas apofonias diante do Sublime e Supremo Criador, também já tenham tido igual  desejo.

O desejo não é, simplesmente, para delongar a vida na Terra ou ter a experiência de Benjamin Button, do filme  “The Curious Case of Benjamin Button”, estrelado por  Bread Pitt, que tem o processo natural da vida investido: adulto, com o passar dos anos, vai rejuvenescendo até voltar a ser criança, enquanto que a sua mulher amada vai envelhecendo naturalmente. 

Mas, confesso: esse desejo é sempre recorrente, especialmente quando vejo a simplicidade das crianças: tudo o que fazem tem cheiro de inocência e essência de pureza.  E, assim, vão contagiando de felicidade a vida daqueles que têm o coração aberto à simplicidade.

Embora compreenda ser natureza de cada um os processos de escolhas que conduzem à leveza da alma ou ao endurecimento do coração – o que é próprio da fase adulta – é perceptível que o adulto tem a tendência de complicr as coisas, muitas das vezes para se dar bem  em detrimento do outro.

Essa coisa de tentar a todo custo  se dar bem ou justificar desvios do livre arbítrio por qualquer  meio para atingir o seu fim, é uma prova concreta de que o adulto esqueceu a inocência e a pureza da criança que foi um dia e tanto encheu de felicidade a família.  

É óbvio que isso é presente em todos os setores da vida humana. Mas é  muito  mais presente no exercício do poder,  quando o poder realmente não é exercido em prol do bem comum ou coletividade, embora  a   narrativa aparente uma capa  ou moldura de que o bem-estar das pessoas esteja em primeiro lugar. 

Acho que já deu para perceber que a grande antítese da vida repousa no conceito filosófico de ser criança  (expressão da inocência e da pureza) e de ser adulto, este, cercado pelas teias de aço do sistema  – teias que o vão sufocando a simplicidade e o tornando árido  nas relações sociais.

Essa antítese – natureza criança e natureza adulta  – obviamente inata do ser humano era tão visualmente presente  antes e nos tempos de Jesus e ainda  transcende os tempos, pois aponta que a natureza humana é variável, conforme os objetivos de vida.

Jesus separou bem o que representa ser criança e como deve ser o adulto durante a vida,  para que ambos sejam merecedores dos Reinos dos Céus:

Referindo-se aos pequeninos ( crianças), Jesus disse: “(...) O Reino dos Céus pertence aos que são semelhantes a elas”. Esse diálogo aconteceu, quando os apóstolos impediam que crianças chegassem até o Mestre, conduta imediatamente repreendida :

– Então, disse Jesus: Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam, pois o Reino dos Céus pertence aos que são semelhantes a elas” (Mateus, 19:14).

E ao se referir aos adultos, disse Jesus, quando delegou poderes de cura e milagres aos apóstolos: 

– ‘Eu os estou enviando como ovelhas no meio dos lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas” (Mateus, 10:10).

Jesus  falava por parábolas: os”lobos” do seu tempo queriam designar o sistema  romano aliado ao religioso. 

A recomendação para que fossem “ astutos como as serpentes” não era para que fossem traiçoeiros,  venenosos ou hostis, mas, sim,  inteligentes e vigilantes para que  não se deixassem enganar com as  facilidades e armadilhas daquele  sistema.

“Sem malícia como as pombas" tem o sentido de que, mesmo entre lobos, o homem  não deve se tornar um outro lobo devorador das ovelhas ou, por outras palavras: não deve corromper a natureza criança : a  simplicidade, um terreno fértil para a cultura das demais virtudes indispensáveis à compreensão de vida humana, que é um importante estágio para a  ascese espiritual.

A racionalidade  – que resumidamente pode ser dita como as possibilidade das escolhas no livre arbítrio – na vida adulta é que nos dirá  se optamos ou não em sermos  lobos vorazes devoradores de ovelhas, homens-lobos devoradores de outros homens ou seremos astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas” , tal como recomendou Jesus.

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ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram: oceliojcmoraisescritor

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