A sociedade do século XXI — com as maravilhosas invenções tecnológicas, mas também disruptivas dos valores éticos-morais – é a fantástica e perigosa casa do nosso tempo. Com as coisas boas e com as coisas ruins. Sempre foi assim em toda história da humanidade, admitidas as peculiaridades de cada tempo.
Mas, confesso que, às vezes, vejo-me como um cidadão utopiense, daquela sociedade imaginada por Thomas Morus, em Utopia (1516), ao projetar “a sociedade (...) onde todas as ações e todas as decisões, públicas e privadas, banais ou importantes, deixam de ser orientadas pela cobiça de muitos ou a lascívia de uns poucos, mas têm por objetivo a sustentação de uma única regra uniforme de justiça, de igualdade e de solidariedade comunitária. “
Por óbvio que aquela sociedade é uma espécie da “terra do nunca” ou, no dizer de Morus, a sociedade do "não lugar", um lugar inexistente”. Contudo, daquele modelo projetado à sociedade utopiense, é bem apropriado aceitar o princípio, segundo o qual “a felicidade não é encontrada em qualquer tipo de prazer, mas apenas nos prazeres bons e honestos”.
E por quê? Porque uma sociedade que tenha – como imaginou Morus – por “objeto e objetivo a sustentação de uma única regra uniforme de justiça, de igualdade e de solidariedade comunitária” – me parece bem lógico que todas as ações humanas (públicas ou privadas) devem ser virtuosas, pois o objetivo humano é sempre a felicidade.
Logo, como a principal base da virtude é a honestidade – e esse princípio nunca mudará –, aos dias de nossa atualidade, eu também profetizo por sociedade mais justa, numa espécie “Terra da Simplcidade”, regida por cinco regras-princípios como balizas humanistas para a necessária evolução humana: a lei da honestidade, a lei da simplicidade, a lei da cordialidade, a lei da solidariedade, a lei da fraternidade, as quais compõem o “código das virtudes”.
Primeiro princípio-regra: Aplica-se a todos, sem prejuízo das demais virtudes humanas, a lei da honestidade, como principal regra ética-moral universal à real defesa, promoção e respeito à dignidade humana.
Segundo princípio-regra: Todos aceitam com espontaneidade a lei da simplicidade como princípio natural da condição humana à construção do espírito verdadeiramente livre.
Terceiro princípio-regra: Não há amabilidade ou afabilidade sem o dom da cordialidade, o qual define o caráter acolhedor e solidário da pessoa.
Quarto princípio-regra: Na Terra da Simplicidade, constitui crime contra a lei da solidariedade humana espalhar os vírus da avareza, da ganância e da usura, porque são venenos que destroem a sensibilidade fraternal.
Quinto princípio-regra Não é fraterno e viola a lei básica da fraternidade humana aquele que, às claras ou às ocultas, ofende a honorabilidade do semelhante, sonegando-lhe também a generosidade misericordiosa.
As cinco leis da “Terra da Simplicidade” estão ao alcance de todos, em qualquer tempo e em qualquer lugar, por isso, também desafiam o seu exercício como critério de vida.
Por certo que a “Terra da Simplicidade” não se compara à “melhor das repúblicas” como a pretendida sociedade política de Morus. Ao contrário, a “Terra da Simplicidade” é um lugar real – a razão ética e o coração bondoso de cada pessoa – onde é plenamente possível encontrar a beleza virtuosa da honestidade e a integridade moral.
Todo indivíduo que aceita as cinco leis do “Código das Virtudes” sabe que a honestidade e a integridade moral projetam, como causa e efeito, a felicidade maravilhosa que embeleza a alma.
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MORAIS, OJC.
PhD em Democracia e Direitos Humanos (IGC/CDH, instituto associado à Universidade de Coimbra e à FDUC através de protocolos de cooperação institucional.).Doutor em Direito (com ênfase ao princípio da proteção social) pela puc/sp; Mestre em Direito pela UFPA, e Acadêmico Perpétuo da APL, da APLJ, da APJ e da ABDSS. Escritor brasileiro.