Em certa ocasião, ouvi um jovem dizer que não acreditava nos milagres, nem mesmo tinha certeza da existência histórica de Jesus, por isso também não acreditava na existência de Deus.
A declaração levou minha memória a duas leituras recentes que fiz: uma, da obra “O Deus da Filosofia – Deus existe?”, do professor Chileno Marcus Gomez, e a outra, “21 lições para o século 21, do historiador Yurval Noah Harari.
Harari fez essa pergunta: “Deus existe?”. E respondeu conforme as percepções religiosas do cristianismo, do budismo, do islamismo e, ao final, disse que nem mesmo a ciência – embora tenha respostas para as coisas materiais – consegue explicar o fenômeno da fé.
Sua resposta também me recordou a visão sobre a fé e sobre Deus no pensamento de Immanuel Kant, para quem, conceber Deus pela via do racionalismo, é um equívoco, visto que, por ser limitada, a racionalidade não permite ver e compreender o todo. Para Kant, Deus deve ser acreditado pela Fé e não pela razão.
Na obra do professor Chileno Gomez encontra-se um excelente estudo sobre a concepção de Deus na filosofia, nas religiões, na teologia cristã e no pensamento filosófico dos denominados “cavaleiros do ateísmo”.
Na filosofia, são tidos como “cavaleiros do ateísmo” personagens históricos como Ludwig Feuerbach, Karl Marx, Charles Darwin, Sigmund Freud e Friedrich Nietzsche, dentre outros. Vou adotar como referência a obra “O Deus da Filosofia – Deus existe?” para esta pensata sobre Deus entre a fé e a razão.
Por que estão tidos como “cavaleiros do ateísmo” ?
Feuerbach (1904-1872), filósofo alemão, porque afirmava que o Deus cristão era apenas uma idealização do ser humano; portanto, Deus não criou o homem à sua imagem e semelhança; antes, foi o homem quem criou Deus à sua imagem e semelhança para o conforto de sua consciência. Esse pensamento é encontrado na obra “A essência do cristianismo” – a sua principal obra – publicada em 1841.
Karl Marx, também alemão, nascido em 1818 e falecido em 1883, é considerado um dos “cavaleiros do ateísmo” porque não acreditava em Deus e – no seu materialismo histórico que promove a luta de classes sociais –, afirmava que a religião, além de ser ópio do povo, ela, e Deus também, eram instrumentos de manipulação ideológica. Esse pensamento está expresso no livro “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, mas também em “O Capital”.
O inglês Charles Darwin (1809-1882), no estudo sobre a “seleção natural das espécies”, desenvolveu a teoria da evolução – todos seres vivos evoluíram de alguma forma de alguma matéria – contrariando, assim, a teoria da Criação narrada no livro de Gênesis, segundo a qual Deus é o criador de toda espécie de vida e o organizador perpétuo do Universo: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Deus criou o homem, macho e fêmea, à Sua própria imagem.”
Sigmund Freud, o psicanalista austríaco (1856-1939), porque adota o racionalismo (portanto, negando a existência de Deus), para explicar as grandes “feridas narcísicas da história da humanidade”, utilizando-se, inclusive do racionalismo de Darwin. Freud desacredita Deus como solução aos problemas existenciais do ser humano.
E, Nietzsche (1844-1900) se intitulava adversário do cristianismo e, assim, é tido como um dos “cavaleiros do ateísmo” porque. No livro “AntiCristo” – escrito em 1888 e publicado em 1895 – o prussiano sustenta essa ideia ateísta, afirmando que a fé e a esperança em Deus alimentam a passividade e a ignorância das pessoas.
O que se identifica no pensamento desses personagens históricos é um argumento linear, que pode ser resumido na seguinte “tese”: eram incrédulos na Fé porque eram rigorosamente materialistas e pelo materialismo absoluto tentavam explicar a vida e a razão das coisas.
Por outras palavras: os “cavaleiros do ateísmo” podem ser comparados a “Tomé” antes da prova material que teve da ressurreição de Jesus – referimo-me ao apóstolo Tomé, aquele que necessitou ver e tocar nas chagas de Jesus para crer na ressurreição do Mestre.
Deus existe pela fé e a prova material (para quem somente essa é confiável e aceitável) é a própria existência histórica de Jesus, acerca de quem historiadores, exegetas, teológicos e antropólogos atestaram, através de suas pesquisas, que Ele já viveu entre nossos antepassados. A Bíblia é a melhor fonte da existência de Deus, de Jesus e seus prodigiosos milagres.
E para quem confronta a Bíblica, posso sugerir o livro “Em busca de Jesus”, dos escritoees David Gibson e Michael McKinley, como uma boa sugestão para repensar a incredulidade sobre Jesus – um livro dentre dentre várias outras pesquisas arqueológicas e antropológicas.
Não digo que Deus não existe, pois Ele existe pela fé que alimenta a esperança na divindade Suprema. Mas quem acha que isso não é suficiente, pelo menos seria desafiador não pensar Deus sob a perspectiva do racionalsmo, mas pela sensitividade da fé, da caridade, da esperança e do amor, as principais virtudes teologais pregadas por Jesus como necessárias às sábias e respeitosas relações humanas .
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