O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

Das virtudes fontes e sobre o tripé dos vícios (Pensata jus-teológica)

Océlio de Morais

Certa vez, uma pessoa me disse que ninguém chegará ao conhecimento de si mesmo, portanto, não compreenderá os desígnios da espiritualidade para a vida humana, se não calçar as sandálias da humildade. 

Fiquei reflexivo e resolvi escrever essa pensata jus-teológica sobre o conhecimento e as práticas da humildade e da simplicidade como virtudes nobres da sabedoria espiritual. 

Temos a vida inteira para viver o bem e para fazer o bem, pois ninguém  sabe como e quando será o nosso dia final – eis uma das maravilhas da condição  humana –  na existência terrena. 

A ciência procura saber, através da prova exclusivamente  material, aquilo que todo cristão, confessos de outras religiões e os adeptos do Espiritismo  já sabem:  Eclesiastes (3:11) fala em eternidade espiritual e, no Novo Testamento, Jesus é a verdade é o caminho para a vida eterna (Jo. 14:16)) . Portanto, o corpo ( que é uma espécie  de casa temporária da alma) morre, enquanto o espírito imortal (que pode ser do bem ou do mal) subsiste.

Mas nem todos percebem  que todos os dias  morremos um pouco, embora a dádiva das horas seja o despertador a reposicionar a bússola ao caminho que leva à serenidade da alma. E nem todos acreditam na vida espiritual após a morte. Afinal, crer na vida eterna – que é uma questão de fé teológica  – ainda é um tabu àqueles que se denominam ateísta ou agnósticos, aqui geralmente inseridas as pessoas extremamente materialistas. 

Aquela advertência – ( “Lembra-te que és pó e ao pó voltarás” (Gn 3,19) –, é um constante aviso de que nascemos despedidos de vestes  e sem bens materiais e que também morremos sem levar nada  – ao contrário do que pensava a cultura egípcia da Era dos faraós – precisamente para que não sejamos escravizados pelos vícios materialistas.   

Mas também, aquela advertência genesiana, não deixa de ser uma espécie de  “espada de Dâmocles” sobre as nossas cabeças.  Explica-se: a mitológica espada de Dâmocles fica pendurada sobre a sua cabeça por um fio de cabelo do rabo  de cavalo, o que pode ser interpretado como um estado contínuo de insegurança e vulnerabilidade humana ,  bem como que, um dia, haverá  o death's Day.

Penso que a clara ou obtusa percepção dessa realidade está relacionada ao conhecimento (ou não) que cada um possa ter verdadeiramente de si mesmo e dos desafios diários que os seus relacionamentos social e político lhe oferecem.

O conhecimento consciente  – ao filósofo grego  Sócrates, segundo Platão, é atribuída a  parêmia  “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá o universo  (...)” –  é a chave  que cada pessoa pode utilizar para cruzar a porta que separa a linha entre a visão cegamente  materialista e a visão espiritual sobre o sentido da vida.

Quanto mais se tem cconhecimento e domínio da própria condição humana  falível (as perfectível), maior será o compromisso espiritual da pessoa, o que traz uma consequência que é de caráter inviolável: o maior respeito  ao semelhante, sem discriminação de qualquer natureza  – o que  inclui, por  exemplo e por óbvio, o respeito e a  proteção à vida desde a concepção, o respeito ao direito à liberdade de consciência,  de crença e de religião.

Mas, se por opção oposta, a obstinação do indivíduo adotar como valor o materialismo exacerbado e incontrolável, dele tornar-se-á refém. E certamente – casos públicos comprovam isso – será bem mais difícil compreender o sentido  e a importância da simplicidade como chave  para conhecer a si mesmo, à medida que sua obsessão será mecânica e unicamente materialista. Isso pode levar àquilo que denomino  de cegueira materialista, aquela que é, geralmente,  alimentada pelos perigosos vícios da inveja, do orgulho, da avareza e da arrogância – o tripé dos vícios que leva à corrupção da alma.

Por outro lado, se a principal motivação da pessoa for – onde quer que seja o seu lugar social e político – a opção pela ascese espiritual, seguramente  conhecerá melhor a si mesma e os desafios de  seu papel na vida, visto que os seus valores principais serão a simplicidade e a humildade, as duas virtudes fontes, donde germinam todas os demais valores necessários à existência mais serena: a caridade, a solidariedade, a fraternidade, para citar algumas. 

Se colocarmos, portanto, numa bandeja da balança os vícios da inveja, do orgulho, da prepotência, da avareza e da arrogância, e,  na outra, os valores da simplicidade, da humildade, da caridade e da fraternidade , haveremos de constatar que o “prato” das virtudes é mais valioso para a vida do que os vícios que levam à corrupção dos valores éticos e da própria  alma. 

As sandálias da humildade  – “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, o servo de todos!” ((Mc, 9,35)  –  estão espalhadas pelo caminho da vida até o nosso  death's Day.

O “combo das virtudes”, quando realmente adotado, não permitirá que  o materialismo exacerbado tome o lugar  da espiritualidade do bem – espiritualidade de que tanto necessitamos para vivermos com tranquilidade de alma.

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ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram: oceliojcmoraisescritor

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