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O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

Coronavírus é uma “Torre de Babel politizada”

Consenso , é necessário, antes que seja tarde

Océlio de Morais

“E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala”. (Gênesis, 1.1). “E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua” (Gênesis, 11, 1-4);

A exegese bíblica, neste particular, adota sentidos diferentes à “língua” e à à “fala”: a “língua” é tomada no sentido de idioma, enquanto que a “fala” é tomada naquele contexto como o meio de comunicação. Ambas (“língua” e “fala”), na origem exegese bíblica, definiam um povo unido em torno de Javé ou Iavé, o Senhor Deus absoluto.

No campo da semântica, a língua (falada ou escrita) representa idioma do local em que se nasce. Expressa o sentido de coletividade e de identidade de um povo. É ela que expressa e perpetua as tradições de uma sociedade, portanto, escreve a história de uma Nação.

 

Mas, à medida que o povo crescia,  relata o livro de Gênesis, aumentava as disputas entre os homens pela riqueza, e assim também tornavam-se ensimesmados, ao ponto de quererem se equiparar a Deus. 

O povo já não tinha a mesma “língua” e nem a mesma “fala”. A disputa pela riqueza material (o Poder) e o desejo de equiparação ao Absoluto os dividia.

“Edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus” (Gênesis, 1.3).

A audácia humana não agradou aos olhos de Deus que então resolveu diferenciar a “língua” dos homens:

“Vamos descer e fazer com que a língua deles comece a diferenciar-se, de forma que uns não entendam os outros.” (Gênesis, 11, 7).

Surge disso a cultura denominada “Torre de Babel” onde os homens não se entendem, embora ligados por um idioma, filhos de uma mesma Nação.

Quero trazer essa analogia da “Torre de Babel” com as diferentes políticas que vêm sendo adotadas no Brasil ao enfrentamento  do problema Coronavírus.. 

O grave problema comum aos brasileiros na atualidade, decorrente das decisões políticas relacionadas ao Coronavírus, é a vulnerabilidade social do povo, no aspecto da subsistência,  à medida que empresas estão paralisadas, trabalhadores estão perdendo emprego e proibidos de sair de casa para buscar (pelo trabalho) o sustento das suas famílias.

Embora o problema afete diretamente a subsistência e a saúde do povo; portanto, direitos humanos básicos ameaçados, as autoridades não falam a mesma língua e o problema do Coronavírus virou uma “Torre de Babel” politizada

O governo federal (o presidente e o ministro da economia) defende o isolamento vertical, o que significa  o funcionamento das empresas, a normalidade da economia, o trabalho com as medidas de segurança adequadas e o isolamento das pessoas integrantes dos grupos de risco.

Do outro lado, o Ministro da Saúde fala outra língua, num coro da mesma linguagem da cúpula do Congresso Nacional,  de alguns governadores e prefeitos, que defendem o isolamento horizontal. Alguns governadores e prefeitos, por meio de decretos,  fecham fronteiras municipais e estaduais, proíbem direito constitucional de ir e vir das pessoas, proíbem o trabalho, ameaçam com multas e prisões em face de quem os desobedecerem.

Nos meios de comunicação de massa, e nas redes sociais, também não se fala a mesma língua, porque a politização da questão ali também chegou.

São visíveis, todos os dias, as distorções e manipulações de informações, prática que refoge totalmente à ética jornalística disciplinada no Código de Ética os Jornalistas brasileiros, que dispõe: “A divulgação da informação, precisa e correta, é dever dos meios de divulgação pública, independente da natureza de sua propriedade.”. (Art. 2° )

Não há uma linguagem comum entre os poderes Executivo e Legislativo, porque - já o disse no artigo  “Coronavírus e politização; parábola e fábula” -  claramente transformaram a epidemia do Coronavírus numa plataforma política eleitoreira e de poderosos interesses econômicos,  que desvirtua os verdadeiros valores e princípios republicanos. 

Seria muito proveitoso à sociedade brasileira se  os objetivos politiqueiros (e os econômicos associados a estes) fossem deixados de lado.

Seria muito proveitoso ao povo brasileiro que houvesse uma linguagem comum; um consenso nas decisões públicas ao enfrentamento da pandemia do Coronavírus e aos efeitos socioeconômicos.

Seria muito proveitoso à Nação brasileira a demonstração de que há civismo (sem retóricas) pelos interesses reais e maiores do país, onde seu bravo povo clama por respeito aos seus  direitos fundamentais.

Poderão até interpretar e dizer que o consenso,  nesse ambiente toxicamente polarizado, é comparável a  algo ingênuo e sonhador.

Contudo, quando se trata do precipício socioeconômico  em que o país se encontra, essa é a saída cívica mais do que lógica  que pode existir: consenso, é necessário, enquanto é tempo para eliminar a  “Torre Babel” entre os poderes da República ao enfrentamento socioeconômico do Coronavírus no Brasil.

 

 

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Psot Scriptum: Nos termos da Lei 9.610, de 1998, permito a utilização do artigo para fins exclusivamente acadêmicos, desde que sejam citados corretamente o autor e a fonte originária de publicação, sob pena de res

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Océlio de Morais
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