Tem um vídeo circulando nas redes sociais,que mostra uma criança ao pé de uma cruz, com braços erguidos aos céus, fazendo gestos de veneração ao que, certamente, considera sagrado: Jesus crucificado.
A cena remeteu minhas memórias ao evangelista Mateus (19:14), que relata que Jesus – ao sair da Galileia, indo para a região da Judéia, no outro lado do Jordão – disse aos seus discípulos que repreendiam as pessoas que levaram crianças a Jesus, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas:
– “Então disse Jesus: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas".
Aquela cena magnetizou meus olhos, provocando imediatamente o seguinte pensamento no meu íntimo: Deus, verdadeiramente, repousa morada nos corações puros e inocentes das crianças.
Por outro lado, me veio à memória imagens de vídeos – que também circulam livremente na internet – com imagens de pessoas (jovens e adultos), numa suposta peça cultural, pisoteando a cruz, queimando a Bíblia Sagrada e proferindo blasfêmias contra Jesus e a sua mãe, Maria Imaculada.
Os dois viveiros são paradoxais: o vídeo da oração e adoração fervorosa da criança ao pé da Cruz remete à simplicidade viva no coração puro e inocente daquelas que Jesus bem o disse – e se não percebe quem não quer – “Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”
Ou seja, as crianças são, na vida terrena, a concreta experiência do Reino dos Céus, lá onde a pureza, a inocência, a singeleza,a doçura e a beatitude compõem a cesta de virtudes da boa espiritualidade.
De outro lado, o vídeo que profana a Bíblia Sagrada e os símbolos cristãos, e que profana as santidades de Jesus e de Maria Santíssima, revela a pureza e a inocência perdidas daqueles que abdicaram da fé ou, por outra, nunca tiveram fé em Deus.
Sim, confesso que fiquei por um bom tempo reflexivo e estabelecendo paralelos entre os dois vídeos.
E também fiquei pensando que aquela sensível e maravilhosa manifestação de fé em Deus, que sentia pulular naquele inocente e puro coração daquela criança, é, de fato, a chave teológica para a construção de uma sociedade mais fraterna, mais humana, mais respeitadora das liberdades religiosas, crença e de culto.
Enquanto que no vídeo das profanações ao Sagrado cristão , em nome da "liberdade” de expressão e da “liberdade” cultural ultrapassam todos os limites das suas ”liberdades” individuais, fato que em notória violação à liberdade e ao direito fundamental do povo cristão.
Aquele coração dócil e inocente daquela criança – o mundo está cheio delas – é recado direto aos corações duros, malévolos e pesados: é o coração puro – isto é, aquele que não se corrompeu com as coisas e poderes do mundo – o canteiro de terra fértil para o plantio da ética e seus decorrentes bons valores. É o coração puro uma espécie de baú da simplicidade, a porta aberta para o maravilhoso reino do respeito mútuo – reino onde os direitos da pessoa humana são garantidos, respeitados e vividos .
Então, verdadeiramente, as crianças – por isso não podem ser ideologizadas com doutrinas que deturpam sua natureza inocente – são uma experiência do Reino dos Céus na caminhada terrena.
Ideologizar as crianças é retirar delas a pureza e a inocência, é ceifar da humanidade o que ela possui de mais especial: a sua alma de criança.
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