As palavras de cada coração Océlio de Morais 14.11.23 8h00 Vou iniciar essa pensata com o seguinte pedido aos meus leitores: depois de lerem os questionamentos a seguir, fechem os olhos, pensem serenamente e respondam, a si mesmos, com franqueza de espírito: Já pensou, logo ao acordar, na quantidade de palavras que, naquele dia, você vai pronunciar? Você já pensou no sentido e nos efeitos de cada palavra que serão pronunciadas durante o dia? Você já pensou, logo ao acordar e durante o dia, nas pessoas que serão suas interlocutoras e o que você dirá a elas? E, por toda a vida, seria possível quantificar em horas a quantidade de palavras pronunciadas? E dessa quase infinitude de horas, seria possível separar as palavras amáveis das palavras amargas, separar as palavras fraternas e solidárias das palavras invejosas, soberbas, avarentas e traiçoeiras? Quero compartilhar essa pensata sob uma perspectiva quase imperceptível do cotidiano subjetivo de cada pessoa e o seu manancial de palavras, os quais personificam suas nobres condutas ou revelam espíritos ardilosos, traiçoeiros, falsos e conflituosos. Podem observar: a palavra pode funcionar como uma brisa suave que leva perfume e serenidade à alma ou como uma espada bem afiada e pontiaguda, que transpassa e mortifica o coração. Tudo isso tem a ver com a simplicidade como virtude, cuja a base sólida e a humildade de espírito, ou, no lado oposto, está relacionado à soberba (aquele sentimento de superioridade esmagadora em relação ao outro) – soberba que alimenta o seu veneno de prepotência no orgulho e na ignorância presunçosa. O manso e humilde de coração usa a palavra com a sinceridade da sua alma, selecionando bem cada palavra a ser dita e, assim, expressa as ideias da consciência honesta e sincera. . A pessoa arrogante e presunçosa usa a palavra como uma lança traiçoeira, maquinando-a como a víbora que espreita (às escondidas) para atacar maliciosamente a vítima. O uso das palavras é algo muito sério. E sempre esteve dentre as grandes preocupações da filosofia – não apenas como signo de comunicação humana – mas também como designação de sabedoria entre os que pensam (mas não falam tudo o que pensam) e os que pensam e não selecionam com prudência tudo o que falam. Nos termos de Jesus – o maior sábio de todos os tempos e Divino por natureza espiritual – o mal uso das palavras era uma constante. E, por isso mesmo, Mestre dos mestre, nas suas diversas pregações, advertia contra o falso testemunho: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”, disse Jesus, onforme o evangelista Mateus, conforme (12.34), ratificando o nono mandamento outorgado por Deus a Moisés: “Não darás falso testemunho contra o teu próximo”. (Êxodo 20:16). A palavra amável, fraterna e solidária é a expressão do bom coração, enquanto a palavra venenosa é traiçoeiramente concebida nos escombros dos pensamentos sombrios até ser vomitada pela boa acusatória. Jesus resumiu isso da seguinte forma, conforme relato do evangelista Mateus (12.34): “a boca fala do que está cheio o coração”. Jesus foi vítima do falso testemunho e de falsas acusações – e tanto e quantos nos dias atuais também o são – ao ponto de chamar os mestres das leis de hipócritas, porque não praticavam o que pregavam: “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas!”, disse Jesus, segundo Mateus, 25:13. Por isso, ninguém tem o direito de macular a imagem de outrem, tampouco a autorização para fazer narrativas políticas e massacrar a vida de outrem, desprezando a sua história e seus bons valores. Se bem pensarmos no poder das palavras, assim, de todas as palavras que cada um já pronunciou, certamente poderá encontrar um amontoado de palavras horríveis e venenosas já pronunciadas, mas podem ser encontrados mares e oceanos de palavras boas, fraternas e solidárias que já pronunciamos. Então, sendo a palavra reveladora do que repousa no coração de cada um, cada palavra tem um sentido da alma daquele que a expressão. Tudo então leva à seguinte afirmação final: cada Palavra deve ser a luz incessante para alguém enxergar melhor os seus bons propósitos à vida. E não uma flecha traiçoeira e untuosa de veneno que aniquila e viola a dignidade humana. O tempo da vida deve ser o tempo da boa palavra, aquela que a boca fala do que o bom coração está cheio. ----------------------- ATENÇÃO: Em observância à Lei 9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.; Instagram: oceliojcmoraisescritor. Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas océlio de morais COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Océlio de Morais . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM OCÉLIO DE MORAIS Océlio de Morais O Papa Francisco, o ativista da teologia da humildade e da amizade social 22.04.25 8h05 Océlio de Morais Qual a sua palavra certa e perfeita para saboreá-la e viver dentro dela? 15.04.25 10h01 Océlio de Morais Os três verbas fortes da justiça para não cometer injustiças 01.04.25 8h53 Océlio de Morais E se tivéssemos um aplicativo tecnológico para medir ética na sociedade? 25.03.25 8h53