O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

As corrupções que Jesus sofreu

Océlio de Morais

As corrupções que Jesus sofreu

É possível que muita gente ainda não tenha percebido que  Jesus foi vítima da corrupção, aquele tipo de crime ou desonestidade cometido por alguém ou organização com o objetivo obter vantagens ilegais ou imorais com abuso de poder.

Esse breve ensaio filosófico quer refletir sobre a liberdade de escolha entre o bem e o mal e entre o bom e o mau,  isto é,  o denominado livre arbítrio às escolhas racionais entre o lícito e o ilícito, entre o que é honesto e o que é  desonesto. 

Provavelmente a trama corruptiva mais famosa  que a humanidade conheceu foi a negociação entre o sumo sacerdote Caifás – como representante dos doutores da Lei e dos fariseus – e Judas Iscariotes:

– “O que me dareis se eu vos entregar Jesus?”, perguntou Judas, na negociata com os sumos sacerdotes.

–  “Trinta siclos de prata”, respondeu Caifás, o líder corrupto dos sacerdotes que  se sentiam ameaçados pela autoridade santa e moral de Jesus.

Judas foi corrompido pelos homens do poder  por trinta moedas de prata. À época, o valor de um escravo era trinta “siclos de prata” (Ez 21,32).

Jesus havia  prenunciado – isso nos conta o evangelho de Mateus – que um dentre os apóstolos iria traí-lo,. Por outras palavras: iria se corromper e vendê-lo aos romanos e aos doutores das leis.  “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato”, disse Jesus.

Assim como Jesus previu a corrupção da qual seria vítima, é certo que também poderia evitá-la. Afinal, era Jesus, o Filho do HOmem”. Porém, não interferiu. Deixou a escolha  ao encargo do livre arbítrio de Judas.

Noutro momento, os guardas romanos,  que vigiavam o túmulo onde estava o corpo de Jesus,  também foram subornados. 

No terceiro dia, assim como havia anunciado, Jesus ressuscitou e a notícia começou a se espalhar por  Jerusalém. 

Novamente, os sumos sacerdotes, liderados por Caifás, fizeram uma reunião às escuras e decidiram  dar dinheiro aos guardas do túmulo – soldados romanos –  “para que dissessem que, estando todos a dormir, os discípulos de Jesus tinham vindo durante a noite e roubado o corpo”, segundo ainda nos narra o evangelho de Mateus.  

  –“Se o governador souber disto, defender-vos-emos e tudo ficará em bem”, prometeram os sacerdotes aos soldados. Assim, os guardas aceitaram o dinheiro e falaram conforme lhes tinha sido dito”, conta-nos o evangelho de Mateus.  

Por dinheiro, os guardas romanos também foram corrompidos pelos sumos sacerdotes. O livre arbítrio, ali não foi  apenas a escolha desonesta, mas revelou  um crime por um grupo organizado, que se reúne para eliminar o bem: a boa nova da ressurreição de Jesus. E para espalhar mentiras. 

Os dois episódios bíblicos revelam o que hoje é denominado de corrupção ativa e passiva: sacerdotes corruptores  e  pessoas corrompidas (Judas e soldados romanos)

Primeiro, para eliminar Jesus, o homem virtuoso e santo, que denunciou toda estrutura de corrupção do poder  da época. Segundo, para espalhar a mentira (hoje se chama fake news) de que o corpo de Jesus fora roubado pelos apóstolos. 

Nos dois episódios, o dinheiro dominou as mentes  dos corruptos. Os dois episódios, colocam em alta evidência o livre arbítrio dos corruptores e dos corrompidos: ambos fazem a escolha pela corrupção. 

Mas, vamos recordar ainda que, antes da morte e da ressurreição, o diabo fez de  tudo para corromper Jesus no deserto.: primeiro,  provocando-O para que transformasse pedra em pão; depois, oferecendo-Lhe riquezas, poder, glória e reinos a Jesus e, em troca, deveria se ajoelhar diante dele; e, por fim,  para que Jesus se jogasse do topo de templo de Jerusalém para ver se, realmente, os anjos o socorreram.

E Jesus, a cada tentativa de corrupção, optou livremente pelo bem:  ‘Não só de pão vive o homem’”; “A Escritura diz: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’, e “A Escritura diz: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’”, respondeu Jesus, respectivamente, para cada tentação corruptiva.

Na modernidade, a Corrupção é uma espécie de crime,  sob o ponto de vista legal,  e, na perspectiva filosófica, deduz  uma conduta desonesta, que afronta, ignora e passa por cima como um trator sobre  padrões da moralidade e da ética.  Na corrupção, a conduta sempre é imoral. E a sua finalidade sempre é ilícita. Sob o ponto de vista teológico, a corrupção, como fruto do livre arbítrio, obedece a um poder que vem da escuridão, uma espécie de submundo de enxofre que aprisiona a alma.

Logo,  numa perspectiva filosófica, a corrupção é uma escolha  consciente do livre arbítrio. Por isso, a liberdade de escolha sempre está parametrizada pelo bem ou pelo mal, pelo bom ou pelo mau.

Sob um sentido mais prático, observe-se o seguinte:  qualquer pessoa do bem, para muito além de se incomodar,  não aceita para a sua vida, para a sua família ou para a sociedade, a corrupção como fato comum e trivial, capaz de ser tolerada sob qualquer finalidade – muito embora a possibilidade da corrupção esteja no livre arbítrio. 

Isto é,  na liberdade (livre arbítrio)  repousa a escolha entre o bem e o mal. O  teólogo e filósofo Agostinho explicou  a questão das escolhas pelo bem ou pelo mal: o livre arbítrio decorre da racionalidade .

O teólogo Tomás de Aquino também disse que o livre arbítrio representa que a pessoa é livre para fazer isso ou aquilo, porém, potencialmente assume as consequências das opções.

Uma pessoa corrupta é, obviamente, desonesta porque usou a liberdade para o mal, para obter vantagem ilícita ou imoral para si ou para a organização criminosa que possa fazer parte ou representar. 

Assim, por exemplo, tolerar a corrupção é uma escolha racional, muito embora ilícita e imoral. 

O livre arbítrio é, por conseguinte, a possibilidade das escolhas racionais pelo lícito ou ilícito, pelo honesto ou pelo desonesto. E, nessa lógica, a corrupção e a leniência por em face dela é a escolha pelo mal como resultado da deturpação ou desvio  do bom livre arbítrio.

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ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram: oceliojcmoraisescritor

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