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Adoecimento da alma

Océlio de Morais

Essa crônica filosófica  vai oferecer uma breve reflexão sobre  o adoecimento da alma pela corrupção das coisas do poder.  

A tese é a seguinte: a usura pelo poder equivale à alma doentia , que não tem domínio de si mesma ;

A usura, o egoísmo, o orgulho e a vaidade – ensina a doutrina Espírita – são os grandes males da humanidade, no leque das opções e decisões humanas. São desvirtudes da alma pobre, aquele definitivamente vazia dos bons sentidos que tornam a vida mais sensível, alegre, feliz e solidária. 

A usura, o egoísmo, o orgulho e a vaidade, porque cegam a simplicidade do Ser, levam à corrupção ético-moral da natureza das coisas e da natureza humana,  contaminando como erva daninha relações sociais e relações de poder. 

Em parte, isso ocorre porque a usura e o egoísmo são “primos” e, assim, revelam a natureza de quem é sovina por apego excessivo aos bens materiais e ao poder; mas também porque o orgulho é “irmão” da vaidade e,  ambos, constroem o mundo dos egocêntricos – aquele “reino”  que aprisiona mentes e corações incautos ou inocentes.

Bem a rigor, a usura, o egoísmo, o orgulho e a vaidade são tipos de doenças d’alma sem virtudes. 

Pessoas escrevem suas histórias com virtudes e desvirtudes.  Muitas marcam suas existências com valores que se expandem positivamente e as tornam sempre lembradas como bons exemplos humanitários.

Outras, nem tanto, porque por alguma razão descuidaram das virtudes teologais (Fé em Deus, Esperança e Caridade), virtudes que, conjugadas com  as virtudes cardeais (Prudência, Justiça, Coragem e Temperança) compõem o grande feixe das virtudes humanas em todos os tempos. 

Essas virtudes estão ao alcance de todos. Mas somente percebe aquele que ainda não foi atingido pela cegueira da corrupção das coisas (maléficas) do mundo. 

 As virtudes dão sentido à existência. Mas nem sempre são observadas ou praticadas, notadamente quando a usura pelo poder leva à materialismo incontrolável, sinal de que a alma está dominada e, a partir daí,  todo tipo de negócio é justificado no “reino” da corrupção das virtudes.

A corrupção das virtudes  torna as pessoas áridas, porque também perderam – embora possa reencontrá-la – a referência de si mesma, o que leva a outro problema de caráter: leva ao desrespeito pela dignidade do outro.

A incapacidade momentânea (ou permanente) do adoecimento da alma, como consequência da corrupção das coisas, mostra que a vida perde sentido ético-moral. Por outro lado, a capacidade de  resistir à corrupção das virtudes mostra que a vida ganha mais sentido, especialmente com gestos de caridade e solidariedade daqueles que cuidam. 

A caridade e solidariedade, como valores, fortalecem o sentimento da  fraternidade – laço que potencializa o humanismo de cada pessoa. Então, é possível afirmar que  a usura e a ganância pelo poder potencializam a corrupção das virtudes, com a perda do domínio de si mesmo. E a fraternidade  – virtude da alma não corrompida –  é a grande árvore da vida que pode espalhar sementes em terra fértil: o coração não corrompido de todas pessoas de boa vontade .

A mente e  o coração virtuosos não fazem  retórica com a virtude, mas se esforçam em viver na virtude;  a mente e o coração amortecidos pela cegueira da corrupção são ardilosos como a serpente , ludibriar  os incautos e  os inocentes,, mas, as mentes e o oração não corrompidos  espelham  virtudes  tão caras como razão de ser da sociedade humana. 

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ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram: oceliojcmoraisescritor

Océlio de Morais