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Uma palavra, apenas

Linomar Bahia

Muito tem sido falado e escrito sobre as ações e decisões que, nas últimas cinco décadas, têm feito o País seguir aos saltos, à moda do canguru, alternando períodos de aparente bonança, estagnação e retrocesso. Vivemos períodos de euforia política e econômica, nos avanços promovidos, paradoxalmente, pelas ditaduras getulistas dos anos 1930, com as legislações trabalhistas previdenciárias e, nos anos 1950, com a implantação da Petrobrás e de Volta Redonda, como uma das bases para que o País evoluísse da fase essencialmente agrícola para a era industrial. Mais recentemente, tivemos o que os governos militares denominaram de “milagre econômico”, uma inflação devastadora e o novo tempo soprado pela implantação do “real”.

Por que tantas oscilações, decididamente responsáveis por tudo quanto compromete o desenvolvimento nacional sustentável, com suas repercussões na estabilidade administrativa e política do país e pelo consequente reflexo nos interesses sociais? Vozes de todos os matizes ideológicos e das ciências humanas tentam responder a essa questão elementar. Alguns, por mero exibicionismo de oportunidades, têm manifestado, uns, e outros, praticando o esporte do “achômetro”, apenas “palpitando”, mas geralmente procurando induzir o raciocínio popular essencialmente para o que lhes interessa, assim, evitando ou se inscrevendo entre os destinatários da fala do Criador, na milenar prédica “perdoai, Senhor, eles não sabem o que fazem”.

Os prenúncios das próximas campanhas eleitorais retomam as abordagens de sempre no supérfluo, sem qualquer vislumbre do essencial, nas promessas requentadas sobre o mais dos mesmos: educação, saúde e segurança. Pelo contrário, continuam sempre piorando a cada gestão, enquanto os profissionais do poder, seus sucessores e adjacentes continuam desfrutando egoisticamente das benesses que podem auferir, aumentadas nos valores e na amplitude. Mas continuam prometendo, sem a menor segurança na melhoria da qualidade da renda e das condições de vida da sociedade, bem a estilo do bordão “o povo que se exploda”, com que Justo Veríssimo, personagem de Chico Anísio, enchia a boca de satisfação por viver à “tripa-forra”.

Como acreditar em discursos e promessas, num jogo de palavras que não inspiram seriedade e carecem de credibilidade, principalmente quando proferidas por personagens notabilizados pela contumácia em prometer e não cumprir. Rebatizaram legendas, repintaram as cores e trocaram de filiações, partidárias desconexas, muitos incorporando um arco-íris ideológico. Falta quem inspire confiança, como os estadistas do porte de Winston Churchill e Franklin Roosevelt, dos quais poucos têm sido revelados no Brasil, para que palavras e ações possam ser as vozes de comando para todos seguirem na mesma direção à efetiva solução dos graves problemas nacionais, consubstanciada em uma palavra tão em falta: “seriedade”, apenas.

Linomar Bahia