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Sujeitos e interesses ocultos

Linomar Bahia

Manifestações de reivindicações pontuais e protestos genéricos, estão se tornando rotineiros em todo o mundo, organizados com características nitidamente profissionais, com tabelas remuneratórias, exibidas nos materiais em que alinham frases de efeito, nos uniformes temáticos e na logística de alimentação e para emergências médicas. São os “coletes amarelos”, na França, os revoltosos de ocasião no Chile e na Bolívia e nos “ativismos” de resultados, mais pessoais do que coletivos, ocupando, como é o propósito, generosos espaços na mídia.

Tal e qual nos romances policiais, o primeiro questionamento deveria ser “a quem interessa?”, mas não se tem notícia de alguém preocupado especular sobre esse interesse que data desde a originária latina “Cui prodest”i imortalizada por Cícero na Roma Antiga. Alçada ao “status” de sabedoria política, a expressão foi usada para desvendar objetivos e finalidades de certas ações. A resposta, demonstra que o crime compensa ao beneficiário que, para isso, o comete, constatação que Cícero celebrizou na frase “cui prodest scelus. Is fecit”.

Parece estranho ninguém estranhar surgirem do nada, repentinamente, figuras e entidades se dizendo “ativistas” de alguma causa, nem sempre definida e, até, mutante. Faria muito bem à sociedade em geral, em particular às próprias pessoas e instituições sérias, para se protegerem contra embusteiros e oportunistas, prontos a desfrutar de ocasiões e modismos, que lhes propiciem espaços midiáticos e proveitos pessoais e ideológicos, justificando suspeições e a necessidade de separar o joio do trigo, também como forma de valorização e crédito.

Chama a atenção a forma como surgem, coincidentemente em momentos e locais onde ocorrem reuniões para discutir qualquer coisa regional ou planetária, embora geralmente nada decidam além de programar outra reunião, com os mesmos objetivos e continuar nada decidindo. Bastam algumas faixas e cartazes, produzidos profissionalmente, e tumultuar cidades, para onde vão não se sabe por quem, demonstrando ausência de espontaneidade, mas bastante para seduzir a mídia e atingir os objetivos promocionais pretendidos.

Meio ambiente e aquecimento global estão permanentemente em moda, gerando manifestações emotivas e discursos agressivos, exacerbando opiniões e influenciando segmentos institucionais e sociais. Qualquer análise mais acurada das origens, responsabilidades e personagens, perceberá a existência de sujeitos (e interesses) ocultos por trás das ações, visíveis nas estruturas dos movimentos e melhor percebido no fato de que os que passam dias em protestos, precisam ganhar para comer e viver, sendo quase um trabalho remunerado.

É um desafio que se apresenta, principalmente, como ameaça à credibilidade de ONGs legítimas e responsáveis, bem como de detentores de mandatos e representações populares, ameaçados pelos aventureiros e praticantes da crença anarquista “se há governo, sou contra”. Como os bons e os maus existem em todas as corporações e extratos sociais, os bons devem ser exaltados pela legitimação e, os aproveitadores, denunciados e alijados aqueles que apenas se apossam de causas legítimas e de grande apelo popular para fins de outra natureza.

Linomar Bahia