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Responda, quem souber

Linomar Bahia

A quem interessa explorar, ou não, o petróleo da foz do Amazonas? Essa pergunta traz novamente ao questionamento a região amazônica como propriedade brasileira e objeto da cobiça internacional.  Sempre existem suspeitas de interesses declarados e ocultos, dignos de um Sherlock Holmes sobre a quem interessa uma ou outra coisa, renovando 70 anos depois a pergunta ao Watson ante a evidente autoria do caso.

Entre ambientalistas e desenvolvimentistas, circulam argumentos prós e contras, reclamando uma arbitragem capaz de dirimir as dúvidas. Mas nenhum escapa às especulações de que, independentemente da decisão a ser adotada, qualquer seja o vencedor, haverá algum interesse em torno da questão. Afinal, vale tudo na exploração do petróleo, enquanto os combustíveis não são troados pela energia limpa.

Não é de agora que a Amazônia constitui objeto de desejos e cobiça pelas riquezas naturais que dizem ter e se supõe ter. Quanto ao petróleo, já houve a experiência quando em 1955 o chamado “ouro negro” jorrou em Nova Olinda, pacato lugarejo à margem direita do rio Madeira, no estado do Amazonas, logo agitado pela nova descoberta do que seria o poço NO-3 da Petrobrás, prenunciando nova era para a região.

Mas as esperanças duraram pouco, testemunhadas pelo então vice-presidente Café Filho e, posteriormente, pelo presidente Juscelino Kubitschek, que se deixou banhar pelo líquido, manchando o bem recortado terno em linho inglês. Foi inexplicavelmente lacrado, numa época em que não existia o IBAMA, e as construções de apoio e as comunidades que se formaram viraram pó, sem nenhuma explicação em 68 anos.

Na década de 1960, as especulações foi a vez so projeto do “grande lago amazônico” que inundaria para “o futuro da humanidade” mais de 20 municípios do Pará e do Amazonas, inclusive parte da Manaus. Essa questão atual do petróleo é mais um capítulo em meio as discussões sobre o marco temporal, em que se discutem se há poucos índios para tanta terra ou muitos fazendeiros para muita terra, sem considerar o interesse nacional.

A propósito, os índios brasileiros já dispõem de 520 reservas a pretexto de preservação ambiental e exploração sustentável. Só os “Ianomâmis” têm quase mil campos de futebol para cada um dos 10 mil índios. Na “Raposa Serra do Sol”, são mais de 110 campos de futebol para cada índio. Sempre intrigou estrangeiros trocarem o conforto das melhores cidades pela insalubridade das florestas nas mais de 600 ONGs.

Enquanto os séculos passam, cerca de 30 milhões de seres humanos sobrevivem nas formas mas primárias, depois que fracassaram os órgãos e projetos que deveriam promover o desenvolvimento regional, mas promoveram apenas os financiamentos falidos e o enriquecimento de empresários e políticos corruptos. Fica a pergunta porquê e a quem interessa que a Amazônia continue como está? Responda, quem souber.

 

Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro das Academias Paraense de Letras, Jornalismo e Interiorana

Linomar Bahia