MENU

BUSCA

Mal pela raiz

Linomar Bahia

Há necessidade urgente de restabelecer, no País, o clima de paz e harmonia entre as pessoas. Os brasileiros vivem em permanente sobressalto, principalmente, desde que eclodiu o escândalo do “mensalão”, pouco depois complementado pela dose cavalar da “lava jato” e o advento da pandemia do coronavírus.

Nas últimas semanas, as angústias nacionais passaram a incluir as tensões resultantes dos ataques a alunos e professores, abalando os nervos dos quantos têm alguma criança exposta aos distúrbios tecnológicos, atribuídos ao uso dos computadores por crianças e jovens nos jogos eletrônicos.

Como sempre, autoridades e a sociedade buscam a solução onde ela se afigura menos disponível, na instalação de detectores de armas nas escolas e no policiamento ostensivo já evidenciado nas limitações práticas, quando estudantes cearenses burlaram a vigilância, lançando armas por sobre o muro, no quintal. Ao mesmo tempo, foi anunciada a liberação de três bilhões de reais para Estados e municípios proverem as defesas, sem considerar a constatação popular de que onde há dinheiro, há ladrão por perto e já devem haver esquemas prontos para os desvios que não pouparam sequer as vítimas do coronavírus.

Enquanto isso, os brasileiros fingem que não estão vendo, porque está à vista de quantos se dispõem a ver e até são personagens, que o País está gravemente doente, contaminado nas suas bases sociais e culturais em que despontam a família, a escola e a igreja. Estão em todos os lugares a deterioração das instituições matrizes da moldagem dos seres humanos, inclusive, nas atitudes mais simples, como respeitar as autoridades ou dar passagem e assento aos mais velhos. Principalmente na falta de reconhecimento à importância dos professores, aliás, acusados de não valorizarem os próprios simbolismos.

Não tem sido por falta de advertências.  Em palestra proferida em 1982, o hoje saudoso professor Darcy Ribeiro alertava que “se os governantes não construírem escolas, faltará dinheiro para construir presídios”, onde hoje estão quase um milhão de presos, mais da metade entre 18 e 29 anos. E Pelé, dedicou às criancinhas o milésimo gol que marcou contra o Vasco na noite de 19 de novembro de 1969, no Maracanã, pedindo que cuidassem delas.

Passados tantos anos, escolas caem aos pedaços; crianças caminham quilômetros ou em canoas para irem às aulas e os responsáveis têm apenas soluços como agora. Especialistas consideram fundamental que campanhas e recursos devam atacar o mal pela raiz o quanto antes, numa cruzada que envolva a todos no esforço para recuperar a estrutura familiar em crise, restabelecer a função da escola despolitizada e reconduza a evangelização aos caminhos da fé religiosa desvirtuada; caso contrário, a perspectivas em nada animam imaginar que agressões a professores, ataques a escolas e má educação generalizada possam ser evitadas e se possa ter novos fatos dolorosos a lamentar, pelo agravamento da doença que vem destruindo nossos valores morais e sociais.

 

Linomar Bahia é jornalista e escritor

Linomar Bahia