Muitos falam,mas ninguém se empenha pela união nacional, há muito quebrada e cada vez mais dilacerada, desde que a última eleição presidencial exibiu o país praticamente dividido ao meio. Faliu, inclusive, a intenção de juntar cobras e lagartos numa “frente ampla” encabeçada pela chapa Lula-Alckmin, pretendendo desarmar os espíritos e domar a beligerância entre esquerda edireita do espectro político, como se possível fosse unir opostossuperando desconfianças recíprocas.
Pelo contrário, todas as ações e decisões oficias têm sido marcadas por palavras e atitudes que mais aprofundam as cicatrizes abertas desde que têm sido cultivadas como máxima política e procedimento eleitoralos incentivos ao “nós contra eles”.Discursos raivosos continuam sendo a tônica dos eventos públicos e manifestações que passaram a contaminar inclusive as instituições que, pela natureza e serventias, deveriam ser imunes às intempéries partidárias e eleitorais.
Mas, em vez de palavras e ações que contribuam para distender as relaçõesinstitucionais e individuais, adversários são cada vez mais tratados como inimigos, potencializados pelo exercício de poderes frequentemente abusivos e ilegais com características de perseguição.Em muitos episódios parecem movidos pelos interesses em fomentar a polarização,rememorando a máxima romana de “dividir para reinar” em que se apoiaram os longevos imperadores históricos.
Ressentimentos têm sido utilizadas pelos que detêm alguma forma de poder para atingir e aniquilar terceiros, como acaba de fazer o petista José Genoíno, vociferando contra a colônia judaica no país. A história universal está repleta de momentos em que ânimos exaltados e diferenças ideológicos pareciam intransponíveis, mas foram superadas, como no final da segunda guerra mundial nos anos 40, revelaram grandes lideranças mundiais responsáveis pela paz que ainda se desfruta.
É uma das razões para que, nesses mais de 80 anos, sejam respeitados como estadistas verdadeiros ativistas do preceito bíblico que prega a “Glória a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens de boa vontade” como Franklin Roosevelt,Winston Churchill, Konrad Adenauer e Charles De Gaulle. Encaminharam a pacificação entre os belicosos sem renunciarem aos seus interesses, práticas adequadas aos tempos e circunstâncias de cada época por Nelson Mandela na África do “apartheid”.
No Brasil do final do período militar, Ernesto Geisel e João Figueiredo encaminharam a anistia “geral e irrestrita”culminando com os acontecimentos rotulados ao estilo ufanista brasileiro, entre os quais “redemocratização”, fantasia que o país não consegue vestir por inteiro. Faltam “Eles”, homens com essa estatura, confiáveis entre eles e perante a sociedade, em que as palavras voltem a ter o valor que tornou certos políticos de ontem dignos do respeito e da credibilidade que falta.
Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro das Academias de Letras, Jornalismo e Literária Interiorana