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Entre o oportunismo e as boas intenções

Linomar Bahia

A pré-candidatura do ex-juiz Sergio Moro à Presidência evoca o questionamento sobre como o eleitor costuma reagir aos caminhos que certos pretendentes a cargos eletivos se propõe a trilhar, após notoriedade episódica. Historicamente, a mensagem embutida nas preferências eleitorais tem indicado que determinados candidatos são desejados em certas funções, mas não desfrutam da mesma preferência para mandatos eleitorais, frustrando as pretensões imaginadas como naturais pela repercussão popular decorrentes  das atividades desenvolvidas.

Há incontáveis exemplos de quantos se julgavam merecedores dos votos dos admiradores pontuais e circunstanciais, mas o eleitorado demonstra que os queria somente no que se destacaram. Não raro, até considerados oportunistas, com o objetivo premeditado de usar a fama como trampolim. Futebolistas e artistas que se aventuraram não passaram dos primeiros mandatos. João Saldanha, por exemplo, dizia haver imaginado que a enorme audiência de seus comentários poderia ser transformada em votos e mal teve o próprio voto para vereador.

Sempre foi notável a criatividade de pretendentes a mandatos eletivos; principalmente, em calculadas ações rotuladas de sociais e na exploração de crenças e ideologias; configuradas nas crescentes representações e bancadas específicas nos centros decisórios do poder no país. Outros iludem os eleitores, usando nomes famosos, até corroborarem a célebre frase do presidente norte-americano Abraham Lincoln, segundo quem “pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo...”

Entre hipóteses e frustrações que a história registra, vale perguntar como está sendo visto pelo eleitorado o ingresso do ex-juiz Sergio Moro na política, depois de renunciar à vitaliciedade da magistratura para ser ministro, com pretensões em ser elevado ao Supremo Tribunal Federal, agora seguido pelo ex-procurador da República Deltan Dallagnol nas pretensões eleitorais? Seriam oportunistas, usando, premeditadamente, como trampolim, a notoriedade funcional da Lava-Jato? Ou seriam, efetivamente,  amantes das boas causas públicas, como pareceram, durante o espetaculoso desempenho na operação "lava-jato"?

Entre caras novas e velhas, vamos caminhando para nova eleição com os desafios de sempre e o questionamento sobre se os "balões" atuais são oportunistas ou meros interessados nos fundos partidários, ou, ainda, os eleitores os preferem somente onde se notabilizaram, enquanto os graves problemas nacionais continuarão dependendo das reformas nunca efetivadas. Difícil, senão impossível, quando há uma fragmentação partidária em quase 40 legendas, nas quais o interesse público reside tão somente nos objetivos segmentados, mantendo as boas intenções apenas nos discursos.

Linomar Bahia