MENU

BUSCA

Precisamos conversar com nossos filhos

Jamille Saraty

Parece óbvio o título deste artigo, uma premissa básica da lei constitucional e civil para todos os pais: orientar, educar e exigir serviços próprios da idade ou condição de seus filhos. Mas talvez a realidade atual esteja muito longe disso. Sem saber ao certo quando tudo isso começou, essa responsabilidade foi transferida para os eletrônicos. Celulares, tablets, televisão se tornaram grandes silenciadores de crianças em casa, proporcionando um tempo de descanso aos pais “Bournauteados” pelo trabalho extremo.

O Abandono digital se tornou uma expressão bem repetida no ano de 2023, quando a novela Global das 8 retratou a história de uma adolescente que cai nas garras de um pedófilo disfarçado na internet, vez que ela tinha total liberdade para navegar na internet sem a devida supervisão dos pais. Apesar da menina já ser adolescente, ainda não tinha maturidade suficiente para perceber que estava em perigo, e foi vítima de chantagem e extorsão do criminoso que já portava suas fotos desnuda.

Flávio Tartuce, grande jurista civilista, já abordava o tema há pelo menos 6 anos, quando publicou artigo sobre exposição de criança no mundo virtual e os efeitos nocivos da rede. Ele conceitua abandono virtual como a negligencia parental configurada por atos omissos dos genitores, que descuidam da segurança dos filhos no ambiente cibernético.

Sempre costumei comparar a criança a um papel em branco que ao longo da vida vai registrando informações importantes que moldam seu caráter. Pais, escola e sociedade têm participação ativa nesta jornada, pois mostram as grandes margens das linhas ainda tortas percorridas na infância, adolescência e juventude e qual o momento de passar para outra linha. Em outras palavras aos pais, sobretudo, cabe a determinação da hora de parar, o alerta de perigo, o esclarecimento de dúvidas.

Num ambiente sem limites, aonde tudo pode acontecer e todas opiniões além de ser colocadas, possuem sua comunidade apoiadora, fica cada vez mais difícil para a criança e adolescente que não têm supervisão, discernir, o que que pode lhe causar perigo. Neste exato momento sofremos ondas de ataques a colégio, em sua maioria praticada por adolescentes estudantes, que foram estimulados por grupos virtuais veneradores de grandes criminosos. Se pararmos mais um pouquinho para analisar, séries com mais repercussão midiática tratam de assassinatos, dizimação de pessoas e destruição mundial. Meninas são todos os dias influenciadas por mulheres descoladas e perfeitas a rebolarem com shortinhos que evidenciam a sua sexualidade, postando numa rede chinesa sem controle algum.

Enquanto escrevo esse texto, uma atualização chega na minha rede social, uma escola faz o seguinte questionamento, você costuma olhar a mochila no seu filho? Definitivamente este post me assustou. Se não sabemos o que tem na mochila deles, quiçá consigamos desvendar o que passa na cabeça deles. Somos estranhos.

Neste momento, se aproximar da intimidade do filho e caminhar junto com ele, imergindo neste novo mundo virtual, por mais delicado ou constrangedor que seja, faz parte da desconfortante responsabilidade parental, e sim, você tem que passar por isso pelo seu filho, não sou eu quem digo, é a lei. Somos a fonte mais segura de informação de nossos filhos, te convido a pensar nisso e fazer parte da vida dele.  

VEJA MAIS

Jamille Saraty