“Alexa! Que horas são em Brasília”… E lá se vai o relógio.
“Alexa, como se faz um empadão de frango?”... E lá se vai o velho livro de receitas.
“Alexa! Toca ‘Imagine’, do John Lennon”… E lá se vai o aparelho de som.
De repente, uma geração de diversos eletroportáteis que você comprou na loja de departamentos, ou até mesmo aquele relógio de parede tão lindo com detalhes de frutas, se viram, de repente, no cantinho da casa à mercê da poeira.
Sei que o livro de receitas tem valor sentimental, mas até abrir e achar as páginas, já pingadas de óleo, demoraria um pouco e a vontade do empadão passaria.
Elton John simplesmente está em todas as plataformas digitais – tanto que até mesmo seu homem do foguete já nem quer mais saber do espaço.
Não estou aqui para falar que a assistente virtual mais badalada do momento vai substituir todos os eletroportáteis ou técnicas que já usávamos antigamente, como o velho livro de receitas. Mas a realidade é que ela hoje já faz mais do que apenas orientar, facilitar ou até mesmo explicar. Seu poder supera os limites da companhia de idosos, que agora têm até com quem dialogar.
Fico admirada por saber que muitos só desejariam um boa noite de filhos, netos ou seus entes queridos - e a assistente, de nome fácil, voz agradável e acolhedora, resolve isso e até cria rotinas pra você.
Esquecer horário de remédios ficou no passado. Ligar para marcar a consulta, então, ficou bem mais fácil. Sem contar que a lista de supermercado já não se perde entre rabiscos pela casa.
Lembro que a profissão de assistente pessoal era bem comum tempos atrás, em casas mais abastadas - ou até mesmo o que chamávamos de “governanta”.
Alexa não tem vida humana, mas tomou conta de um pequeno espaço na casa e deixou tudo mais inteligente, prático e organizado. Mas será que ela veio para substituir certas relações, emoções ou pessoas?
Bom, essa é a pergunta - ou reflexão – que fica, para que cada vez mais compreendamos o sentido da tecnologia nas nossas vidas, e o espaço que ela pode ocupar ou agregar.