Abre letras ou abre app?
Em algum momento da sua vida você precisou abrir letras belas para um trabalho escolar, naquela cartolina, no papel pautado - ou até mesmo para fazer aquele cartaz para seu artista, e levar para um show.
Desenhos, formas, criar letras diferenciadas, tudo era muito manual. As canetinhas, lápis de cores e réguas eram os instrumentos mais utilizados. Recortes de revistas, jornais e papéis coloridos criavam formas e cartazes.
As conhecidas faixas para anúncio, feitas de tecido ou lona, se espalhavam na cidade, anunciando shows, passeatas, greves, aniversariantes ou o que precisasse informar com letras garrafais.
A forma genuína de se comunicar foi mudando com o tempo. A chegada dos computadores, programas de edição, o ato de digitar, foram tirando do nosso cotidiano a escrita manual. O uso da ferramenta Paint nos computadores dava vida a desenhos geométricos, antes feitos com régua e transferidor. As aulas de desenho foram se aperfeiçoando com a chegada da informática.
Com o tempo, deixamos de usar com mais frequência os cinco dedos e passamos a usar mais o indicador e o polegar. Da mesa com papel e canetas, passamos para a tela do computador - e logo depois para o teclado QWERT dos smartphones. Criar anúncios, artes sofisticadas e criativos digitais se tornou, mais do que um hobby, em mais uma forma de trabalho na nova geração.
As canetinhas deram vez aos botões dos aplicativos que colorem rapidamente. O lápis e a caneta, que contornavam letras, deram vez às milhares de fontes disponíveis nos apps de design gráfico. A forma de anunciar também mudou! Aplicativos como o Canva, Illustrator e Adobe Photoshop criam conteúdos para divulgar e anunciar de forma digital.
Quem é expert no digital talvez tivesse um desafio gigante para abrir uma bela letra em um cartaz. Agora, quem viveu a geração da escrita, da ortografia rebuscada, talvez não domine a era digital.
Tive a oportunidade de fazer cursos de caligrafia, informática e design digital. Passear por esses mundos me fascina. Muitas crianças e jovens de hoje manuseiam recursos com facilidades na ponta dos dedos. No entanto, a caneta e o lápis podem ser verdadeiros vilões quando se pede uma boa caligrafia, ou quem sabe abrir uma bela letra.
Os cartazes e as faixas na cidade deram lugar aos anúncios digitais no WhatsApp, Instagram, Facebook e Google. Com o tempo, deixamos essa arte milenar, que é a escrita, dar vez até ao Chat GPT. Pegar em uma caneta, rabiscar um desenho, escrever uma carta é uma arte para poucos atualmente.
As ferramentas digitais chegam para universalizar o acesso às informações. A escrita digital confere agilidade e acesso a diversos recursos midiáticos. Todavia, a escrita manual atua no nosso cognitivo, ajuda na memória e o raciocínio se torna mais elaborado.
Eu sei que você vai dizer: mas tudo agora tem que ser rápido! Sim! Mas podemos usar todas nossas habilidades.
É interessante aliar a escrita manual à digital. Usar aplicativos a nosso favor, para produtividade, é superinteressante. Contudo, a beleza da expressão que a escrita manual gera, e os sentimentos em cada traçado, se eternizam por gerações e gerações. Nenhum documento digital deixaria tantos vestígios quanto uma carta escrita a punho.
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