Os reflexos do primeiro encontro entre o Rei e seu sucessor
Os Lakers levaram a melhor, mas Zion Williamson mostrou porque é o novato mais badalado desde LeBron James
Em janeiro, Jimmy Butler escreveu um texto ao site The Players’ Tribune, onde contou que LeBron James “é o tipo de jogador que todos querem jogar contra, porque você se mede contra ele. Se você vencer o LeBron, está fazendo algo certo. Se perder, é apenas porque você é humano, como todos nós”. A declaração do jogador do Miami Heat resumiu o que foi, para Zion Williamson, o primeiro jogo contra James: um verdadeiro teste de nivelamento.
A vitória do Los Angeles Lakers sobre o New Orleans Pelicans por 118 a 109, no Staples Center, realmente marcou o primeiro capítulo da sucessão do trono da NBA, que pertence a LeBron James. O “Rei”, como é conhecido o ala, deu um show em seu território e marcou 40 pontos, mas Zion mostrou por que é o principal candidato a sucessor de James, ao anotar 29 pontos.
É normal surgirem dúvidas quanto à real capacidade de um jovem e badalado jogador, principalmente quando os holofotes são completamente voltados ao atleta desde seus jogos no Ensino Médio, caso de Zion. Será que ele é tudo isso? Será que vai vingar? Williamson, em pouco tempo, já mostrou que é tudo isso, e o principal: é capaz de sustentar a pressão das expectativas de outras pessoas em relação à sua carreira.
Alguns “novos LeBrons” ou “novos Jordans” já surgiram durante a história, mas o talento muitas vezes é ofuscado pela imaturidade em administrar as expectativas, o que causa a ruína de atletas. Zion é um caso diferente, um caso raro de alguém que pode atravessar tudo, como um jovem Kobe Bryant que conseguiu sustentar a responsabilidade de suceder a Michael Jordan. Zion estreou apenas em janeiro, depois de uma fervorosa participação na pré-temporada da NBA, que culminou em uma lesão no joelho do ala-pivô.
A frustração e ansiedade, assumidas pelo próprio, na reabilitação foram complicadas, mas ele não tropeçou e não se arriscou, principalmente em sua estreia, quando “explodiu” no último quarto contra o San Antonio Spurs, no dia 23 de janeiro, e marcou 17 pontos – antes disso, havia feito apenas cinco em 12 minutos. O ala-pivô, porém, tinha minutos contados pelo departamento médico e, apesar de mostrar nítido incômodo, aceitou ser substituído no momento decisivo do jogo e assistiu a vitória dos adversários por 121 a 117.
Desde então, Zion soma 23,3 pontos e pouco mais de sete rebotes por partida, números sólidos e raros para novatos. Em 2003, seu ano de estreia, LeBron James terminou a temporada com cerca de 21 pontos, cinco rebotes e cinco assistências por jogo. Williamson é para valer e, em apenas um mês, já se aproxima do talentoso armador Ja Morant, do Memphis Grizzlies, na disputa pelo prêmio de novato do ano.
O “Efeito Zion” também tirou os Pelicans da rua da amargura na conferência oeste. A franquia agora está a apenas quatro jogos dos Grizzlies (8º) e poderá enfrentar os Lakers nos playoffs, caso conquistem o oitavo lugar. Uma possível classificação fará Williamson cumprir um objetivo peculiar, imposto pelo veterano J.J. Redick, que não fica de fora dos playoffs há 13 anos.
“Minha primeira conversa com Zion foi há algumas semanas, depois de um treino. Eu disse: ‘Olhe, cara, não f*** meu recorde’”, contou Redick, arrancando risadas em coletiva na pré-temporada.
JJ Redick’s really told Zion not to fuck up his playoff streak 😂😂💀pic.twitter.com/rXoA4nWxL3
— Basketballfosho🏀☕️ (@basketballfosho) September 30, 2019