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CINE NEWS

Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Memórias do Olympia

Marco Antonio Moreira

A trajetória cinéfila de vários espectadores é constituída por meio dos diversos filmes assistidos. As lembranças de se apaixonar e se encantar com as produções cinematográficas deixam um vínculo eterno com diretores, atores, produtores, compositores e outros artistas importantes para sua a realização. Para muitas gerações de admiradores de cinema uma das referências essenciais de amor ao cinema acontece também pela recordação do local que esses filmes foram assistidos. Sou de uma época em que cinema de rua não era chamado de cinema de rua. Era um cinema, uma sala de exibição, um templo da arte cinematográfica, uma extensão da minha casa, da minha infância, juventude e vida adulta. Desse modo, entendo que cada ocasião para homenagear uma sala de cinema deve ser celebrada como algo pessoal, emotivo, de gratidão.

Dia 24 de abril é data do aniversário do cinema Olympia que completa 111 anos de sua fundação em 2023. Quantas memórias! Quantos filmes assistidos nessa sala de cinema em diversas fases de seu funcionamento! Até 2006, o Cinema Olympia tinha uma característica prioritariamente comercial em sua programação e lembro-me de muitos filmes que marcaram minha cinefilia. Difícil recordar todos os títulos assistidos nessa sala de cinema, mas surge de modo imediato à minha memória as sessões de Os Aristogatas de Wolfgang Reitherman, Psicose e Festim Diabólico de Alfred Hitchcock, Um Estranho no Ninho e Na Época do Ragtime de Milos Forman, Zelig e A Rosa Púrpura do Cairo de Woody Allen, Laranja Mecânica de Stanley Kubrick, O Enigma de Kaspar Hauser de Werner Herzog, All That Jazz de Bob Fosse, O Império dos Sentidos de Nagisa Oshima, Rocky Um Lutador de John G. Avildsen, La Luna de Bernardo Bertolucci, Guerras nas Estrelas de George Lucas, Reds de Warren Beatty, Eu sei que vou te amar de Arnaldo Jabor, Ludwig de Luchino Visconti, Passagem para a Índia de David Lean, Carruagens de Fogo de Hugh Hudson (com a bela trilha musical de Vangelis), Cinema Paradiso de Giuseppe Tornatore, Dança com Lobos de Kevin Costner e Toy Story de John Lasseter.

Outras memórias foram estabelecidas quando a prefeitura de Belém assumiu a administração do Cine Olympia desde 2006. Como programador dessa sala durante vários anos contribui com uma programação vinculada a cultura cinematográfica em muitos projetos e é emocionante lembrar-se das várias sessões cinéfilas promovidas nesse espaço de exibição. Por meio de parcerias com cinematecas, embaixadas e consulados de vários países foi estimulante exibir e assistir filmes clássicos e novos da cinematografia alemã, espanhola, francesa, brasileira, japonesa, mexicana, dinamarquesa e sueca incluindo produções brasileiras e outras da Europa e América latina.

Momentos especiais foram proporcionados ao público com a projeção de clássicos do cinema silencioso com filmes de Charles Chaplin e Buster Keaton. A Paixão de Joana D´Arc de Carl Dreyer e Limite de Mário Peixoto, entre outras produções, impressionaram outros e novos espectadores que tiveram oportunidade de assistir esses e outros filmes extraordinários desse período em uma tela grande de cinema. A programação do Cine Olympia incentivou a cinefilia local com a exibição de muitas mostras e festivais de cinema com filmes inéditos. Sempre com entrada gratuita.

Lembrar-se do Olympia é recordar também do Cine Palácio, Cine Nazaré, Cine Iracema. É lembrar-se dos cinemas do circuito Cinearte como os Cinemas 1, 2 e 3, Cines Castanheira 1 e 2, Cines Docas 1 e 2. É lembrar-se dos cineclubes que frequentei e frequento como o Cineclube da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA) com exibições no Cine Guajará (Base Naval), auditório do Grêmio Literário Português, auditório da Faculdade de Odontologia, Cineclube Alexandrino Moreira e outros espaços de cinema. Mas essas memórias serão tema de outro texto.

Que linda história tem o Cine Olympia! O cinema mais antigo do Brasil em atividade! Espero que, em breve, novas memórias sejam geradas a partir do retorno das atividades dessa bela sala de cinema! Parabéns, Cine Olympia!

Dicas da semana

Rua da Paz (curta-metragem) de Charlie Chaplin e Meu Tio de Jacques Tati. Sessão Cult (Cine Líbero Luxardo. Dia 27 de abril às 19h com entrada franca).

Negação de Mick Jackson com Rachel Weizs. Um escritor enfrenta uma batalha legal contra uma respeitada autora e historiadora depois que ela o acusa de negar a existência do Holocausto. (Cineclube SINDMEPA. Dia 25 de abril, às 19h, com entrada franca).

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