Festival de Gramado 2022

O Festival de Gramado é um dos mais importantes eventos do cinema brasileiro. Sua primeira edição aconteceu em 1973 em uma época de dificuldades financeiras para o cinema produzido no Brasil. Mas, apesar dos problemas enfrentados pela classe do audiovisual naquele período foi possível iniciar a trajetória deste festival com filmes surpreendentes e marcantes. O vencedor do prêmio de melhor filme neste ano foi o genial Toda Nudez será Castigada de Arnaldo Jabor, um clássico do cinema brasileiro que é considerado um dos maiores filmes do cinema nacional. 

Com o sucesso de sua primeira edição, o festival de Gramado conseguiu criar uma tradição significativa de visibilidades para os filmes produzidos em nosso país. Uma das finalidades de todo festival é divulgar e debater sobre as novas produções realizadas por novos e veteranos cineastas. A permanente dificuldade de distribuição dos filmes do cinema nacional, de certo modo, tinha um alento com a exibição de produções em festivais de cinema como Gramado e Brasília, pois os filmes exibidos e, especialmente, premiados, conseguiam melhores possibilidades de projeção nos circuitos de exibição nacionais, incluindo salas de cinemas do norte do país.

Com a premiação no Festival de Gramado criava-se possibilidades de que a maioria dos espectadores tivesse acesso aos filmes produzidos e premiados e os vencedores do prêmio de melhor filme, por exemplo, certamente faziam parte das estreias nas salas de cinemas brasileiros. Entre os premiados como melhor filme na história desse festival, nos anos 70 e 80, posso citar Vai trabalhar Vagabundo de Hugo Carvana (1974), O Amuleto de Ogum (1975) de Nelson Pereira dos Santos, O Predileto de Roberto Palmari (1976), Raoni de Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha (1979), Gaijin: Caminhos da Liberdade (1980) de Tizuka Yamazaki, Pra Frente Brasil de Roberto Farias (1982) e A Marvada Carne (1985) de André Klotzel. É interessante informar que, a partir de 1992, o Festival de Gramado iniciou exibição de filmes de origem latina.

O Festival de Gramado 2022 acontece de maneira presencial depois de dois anos de pandemia com ótima seleção de filmes em longas e curtas metragens que estão agradando a maioria da crítica do público, desde o dia 12 de agosto, quando iniciou o evento. Este ano, um dos curadores do festival foi a atriz paraense Dira Paes. Com uma série de atividades durante o festival, além da exibição de filmes, Gramado proporciona debates e reflexões sobre o audiovisual brasileiro que merece atenção do cinemaníaco. Com a presença de atores, diretores, jornalistas e críticos de cinema, é possível observar esse evento como uma referência sobre os futuros caminhos do cinema brasileiro, especialmente após um período pandêmico tão doloroso.

A entrega dos prêmios desta edição histórica de 50 anos do festival acontecerá no dia 20/08/22, em uma cerimônia especial que será transmitida pelo Canal Brasil. Desejo sucesso e vida longa a esse festival e fico na esperança que retorne o projeto que tornou o Festival de Gramado itinerante com exibições simultâneas das produções selecionadas em várias capitais do país, como aconteceu em 1989, em uma edição que incluiu Belém com exibições de filmes do festival no Cinema Olympia.

Confira os filmes selecionados este ano nas categorias de melhor longa- metragem brasileiro, longa-metragem estrangeiro e curta-metragem brasileiro (que tem representantes do cinema paraense):

Longas-metragens brasileiros

A Mãe de Cristiano Burlan, A Porta ao Lado de Julia Rezende, Marte Um de Gabriel Martins, Noites Alienígenas de Sérgio de Carvalho, O Clube dos Anjos de Angelo Defanti, O Pastor e o Guerrilheiro de José Eduardo Belmonte e Tinnitus de Gregório Graziosi.

Longas-metragens estrangeiros

9 (Uruguai e Argentina) de Martín Barrenechea e Nicolás Branca, Cuando Oscurece (Argentina e Uruguai) de Néstor Mazzini, El Camino de Sol (México) de  Claudia Sainte-Luce, Inmersión (Chile, México) de Nicolas Postiglione, La Boda de Rosa (Espanha e França) de Iciar Bollain, La Pampa (Peru, Chile e Espanha) de  Dorian Fernández Moris e O Último Animal (Portugal e Brasil) de Leonel Vieira.

Curtas-metragens brasileiros

Benzedeira (Pará) de Pedro Olaia e San Marcelo, Deus não deixa (Rio de Janeiro) de Marçal Vianna, Fantasma Neon (Rio de Janeiro) de Leonardo Martinelli, Imã de Geladeira (Sergipe) de Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo, Mas eu não sou alguém (São Paulo) de Gabriel Duarte e Daniel Eduardo, O Elemento Tinta (São Paulo) de Luiz Maudonnet e Iuri Salles, O Fim da Imagem| (Paraná) de Gil Baroni, O Pato (Paraíba) de Antônio Galdino, Serrão (Minas Gerais) de Marcelo Lin, Socorro (Pará) de Susanna Lira, Último Domingo (Rio de Janeiro) de Joana Claude e Renan Barbosa Brandão, Um Tempo para Mim (Rio Grande do Sul) de Paola Mallmann, Solitude (Amapá) de Tami Martins e Aron Miranda e Tekoha (São Paulo) de Carlos Adriano.