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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Em exibição por tempo limitado

Marco Antonio Moreira

O mercado de produção, distribuição e exibição cinematográficos passou por inúmeras transformações ao longo de sua história. Desde os primórdios do cinema silencioso até a era dos filmes falados, dos novos paradigmas comerciais de produção aos movimentos estéticos que moldaram a sétima arte. Observamos a criação de técnicas inovadoras de filmagem e projeção, como o 3D e a tela cinemascope, destinadas a enfrentar a crescente concorrência da televisão e, posteriormente, das locadoras de vídeo.

image Retratos Fantasmas (Divulgação)

Durante as décadas de 1980 e 1990, o cinema enfrentou desafios significativos, incluindo a queda de frequência do público nas salas de exibição, que coincidiu com a ascensão das mídias físicas, como VHS e DVD. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias de exibição, como o Digital 3D e o Dolby Surround 7.5, trouxeram uma revolução na experiência cinematográfica.

Atualmente, o cenário de exibição cinematográfica é marcado pela presença de grandes complexos de exibição, que continuam a moldar o panorama da indústria cinematográfica. A luta das distribuidoras de filmes pela ocupação dos espaços de exibição tem sido uma batalha constante, frequentemente se mostrando excludente. Os cinemas comerciais, que priorizam filmes com alto potencial de lucro, muitas vezes negligenciam obras cinematográficas de relevância. Quando não são excluídos, esses filmes enfrentam limitações quanto às datas e horários de exibição.

image Elis & Tom (Divulgação)

Recentemente, dois filmes brasileiros, Retratos Fantasmas, dirigido por Kleber Mendonça Filho, e Elis & Tom: Só Tinha que Ser com Você de Roberto de Oliveira, tiveram seu tempo de exibição restrito em termos de horários e permanência nas telas dos cinemas. Ambos foram exibidos apenas por uma semana, com sessões no período da tarde e da noite, e receberam divulgação mínima em comparação com as grandes produções de Hollywood que ocupam as telas mensalmente.

Essa abordagem resultou em uma baixa presença de público, insuficiente para manter essas produções em cartaz. Diante desse cenário de restrições de divulgação, tempo de exibição e horários, especialmente para filmes brasileiros, é fundamental refletir sobre como essas produções podem conquistar novos públicos. Isso exige uma conscientização por parte dos exibidores sobre a importância desses filmes.

Vale destacar que Retratos Fantasmas foi escolhido como representante para concorrer a uma indicação ao Oscar 2024. Além disso, seu diretor, um cineasta aclamado no Brasil e no exterior por sucessos como O Som ao Redor, Aquarius e Bacurau, merece reconhecimento. Elis & Tom: Só Tinha que Ser com Você é um documentário musical que homenageia dois dos maiores nomes da música mundial e recebeu elogios que levaram o público a prestigiar sua exibição em outras cidades.

É desafiador esperar resultados satisfatórios de certos lançamentos nos cinemas comerciais, especialmente quando não se leva em consideração que muitos filmes possuem públicos que necessitam de um maior tempo de divulgação, exibição e disponibilidade de sessões para prestigiar obras cinematográficas relevantes, como Retratos Fantasmas e Elis & Tom. A crítica cinematográfica e o público podem ser aliados no desenvolvimento da divulgação de um filme! 
Sem uma avaliação das diferenças de audiência entre os filmes programados, corre-se o risco de que cada vez mais produções não sejam exibidas nos cinemas comerciais ou, quando exibidas, tenha um tempo limitado de permanência nas telas e não atinjam os rendimentos desejados pelos exibidores. Nesse contexto, é natural ansiar pelo retorno das atividades dos cinemas alternativos, como o Olympia e Líbero Luxardo, o mais rapidamente possível. Isso proporcionaria ao público paraense uma ampla seleção de filmes relevantes e diversificados, com um tempo de exibição adequado para torná-los acessíveis a todos os públicos. 

Cine Caeté

Estreou no dia 29/09, a primeira etapa da Mostra Cine Caeté, contemplada com o Prêmio Mergulho da FCP. O projeto aporta na Vila dos Pescadores de Ajuruteua, em Bragança, com cinco filmes, bate-papo e oficinas. O projeto passará por Eldorado dos Carajás (13 a 15/10) e Belém (20 e 21/10), na Casa das Artes.

Dica da semana

Um Clarão nas Trevas de Terence Young. Com Audrey Hepburn. Homenagem ao ator Alan Arkin (Cineclube SINDMEPA. Terça-feira, dia 03/10, às 19h. Entrada gratuita).

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