Questão da semana: repouso também é treinamento
O elenco do Paysandu começou a semana com folga por dois dias, no intervalo de nove dias entre o jogo contra o Floresta e o próximo, contra o Botafogo/PB. Houve reações de veemente reprovação, já que o time vem apresentando graves deficiências. Uma delas é a baixa intensidade física na marcação. Ocorre que o repouso também é treinamento. É como os atletas podem ter a regeneração dos músculos e algum lazer.
Depois da folga, trabalhos com maior volume ou maior intensidade. Considerando o nível elevado do desgaste físico/mental, o Papão está cumprindo um planejamento coerente no aproveitamento do largo intervalo de um jogo para outro. Se o time vai ter melhora de performance na terça-feira, não é seguro afirmar, mas é a tendência natural.
Um nó a ser desatado
Todo atleta é avaliado conforme relatório da análise de desempenho, inclusive os que sobem da base. No futebol do Pará os relatórios mostram baixíssima minutagem de jogo. Faixa de 20 a 40 jogos ao longo da formação, quando o mínimo aceitável seria o volume de 40 jogos em cada categoria, principalmente no sub-17 e sub-20.
O Pará tem a exclusividade da proibição legal de competições para atletas abaixo dos 16 anos. Isso implica no agravamento da defasagem dos frutos da base para a carreira profissional. É uma questão que requer uma análise da conjuntura social, acima da questão mercadológica. É um nó a ser desatado!
BAIXINHAS
* A coluna tentou sem êxito um pronunciamento do Ministério Público do Trabalho sobre o esforço pelo impedimento das competições da categoria sub-15 para baixo. No entanto, segue aberta ao MPT para avançarmos na questão.
* Independente do aspecto legalista, é importante entender o futebol de base como inclusão social e vetor de disciplina no convívio social e no rendimento escolar. Pelo menos, é para ser conduzido com essas funções. Essa seria a mais relevante cobrança aos clubes e Federação.
* São poucos os atletas de base do Pará que se tornam profissionais e exceções os que fazem sucesso. Mas os que seguem outras profissões levam lições preciosas. Além disso, os mais pobres levam renda para suas famílias faturando cachês em jogos de fim de semana em times de pelada.
* A proibição não seria um gol contra do Ministério Público do Trabalho e do Judiciário? Que ajustes de conduta poderiam ser feitos para a liberação? Esse debate precisa avançar e o nó precisa ser desatado.
* A folga de dois dias para o elenco do Paysandu era fisiologicamente necessária, mas teria causado rebuliço se o time bicolor não tivesse vencido o Floresta. As reações seriam contra um "prêmio" a quem mereceria castigo.
* O futebol de alta intensidade com sobrecarga de jogos exige repouso. Caso contrário, lesões e queda de rendimento são consequências inevitáveis, como vinha ocorrendo no Papão e no Leão. Maio foi um mês extremo em fadiga muscular para azulinos e bicolores.
* Não há mais como compreender e fazer análises justas de futebol sem considerar os componentes fisiológicos e os psicológicos. Atletas estão correndo até 14 quilômetros por jogo. Em clubes como Papão e Leão ainda há o agravante da alta pressão emocional.