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Memória, patrimônio que nossos clubes ignoram

Carlos Ferreira

Na recente disputa eleitoral do Paysandu, ídolos foram mobilizados pelos candidatos na busca de votos. Gino, Marcão e Charles Guerreiro com Felipe Fernandes; Yarley inserido na campanha de Sérgio Solano, embora sem qualquer participação ativa; Vandick, Robgol, Zé Augusto e Lecheva com o vitorioso Maurício Ettinger.

Se os ídolos são tão importantes para finalidade eleitoreira, por que não têm importância reconhecida sempre? Qual é a política dos clubes para a própria memória? O Paysandu até que incentiva a confraternização de fim de ano, viabilizada pelo esforço de Beto e alguns outros ex-jogadores. Mesmo fazendo pouco, o Papão é o que mais faz pela memória, embora sem a devida exploração como fonte de renda.

O princípio de tudo seria entender que os ídolos ainda podem ser ativos para a vida financeira do clube, dependendo da competência do marketing. Isso vale igualmente para o Remo, que é ainda mais omisso que o rival.

Proposta para uma ação completa

Através dos ex-jogadores, Leão e Papão poderiam se aproximar dos torcedores do interior e da periferia da capital, por exemplo, com um Re-Pa de masters a cada mês. Nas cidades ou bairros visitados, os clubes fariam venda de produtos e adesão ao programa Sócio Torcedor. Certamente, o Banpará teria interesse em patrocinar e também colocar um stand para prospecção de clientes e venda de serviços.

Essa é uma proposta de ação completa, com soma de forças, convergência de interesses, celebração de glórias, potencialização de marcas...

BAIXINHAS

* O Santos é exemplo perfeito de relação com os ídolos. O clube os remunera para tê-los como "embaixadores" em ações dentro e fora do Brasil. Recentemente, Manoel Maria e Edu representaram o clube num evento na África. Ceará e Fortaleza frequentemente mobilizam ídolos em eventos no interior do estado, mas sem os jogos que propomos aqui.

* A Federação Paraense de Futebol poderia contribuir nesse processo com uma Copa para os masters, pelo menos com quatro clubes, em um mês de duração. A Copa poderia ser a primeira ação no projeto do Museu do Campeonato Paraense, que está nos planos do presidente Ricardo Gluck Paul.

* Está no projeto do novo Mangueirão o Museu do Futebol Paraense, inspirado no Museu do Pacaembu/SP. A categoria de Museu tem conceito científico no processo de construção. Portanto, algo demorado, meticuloso, que seria providencial para resgate e sistematização de uma memória que está se perdendo.

* O Museu do Campeonato Paraense, se for viabilizado, fará parte do complexo do Centro da Juventude, na nova sede da FPF. Essa é uma possibilidade que depende de ajustes no contrato de gestão do CEJU pela FPF.

* Remo e Paysandu, como clubes centenários de grande apelo popular e histórias gloriosas, com grandes ídolos, deveriam ter Departamento de Memória, em consonância com o Departamento de Marketing. E se não podem ter Museu, que tenham a categoria de Memorial, sob menores exigências.

* Esse aceno de possibilidades contrasta com a realidade de ex-atletas desassistidos, principalmente nas situações de enfermidade. Só este ano, Fefeu, Paulinho e Joari morreram depois de muito sofrimento, só atenuado pelo esforço de Agnaldo "Seu Boneco" e outros na mobilização de padrinhos para socorrê-los com assistência básica, inclusive com fraldas geriátricas. 

Carlos Ferreira