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Líderes de boa e má educação

Carlos Ferreira

Filipe Luís, técnico do Flamengo, ganha admiração não só pela competência e pelos conceitos bem atualizados de futebol, mas também pela conduta à beira do campo. Mostra claramente sua boa educação. É diferente por ater-se a dirigir sua equipe, sem pressionar e muito menos xingar a arbitragem, respeitando a todos e fazendo-se respeitar.

O último grande técnico brasileiro com a postura exemplar de Filipe Luís foi Carlos Alberto Parreira. Também é o caso de Dorival Júnior. Inversamente, outros como Felipão, Vanderlei Luxemburgo, Emerson Leão, Renato Gaúcho, Abel Ferreira, Luis Zubeldía e Muricy Ramalho sempre se comportaram de forma grosseira, agressiva, arrogante ou uma combinação desses comportamentos. Todos os citados são vitoriosos, mas nem todos são igualmente admiráveis, porque a boa educação (civilidade) sempre fará a diferença — principalmente no futebol.

Maus e bons exemplos regionais

Givanildo Oliveira, Edson Gaúcho e Hélio dos Anjos seriam candidatos do mesmo porte a um eventual troféu de "rei das grosserias". Givanildo e Hélio, no entanto, são aplaudidos como grandes vitoriosos.

Em contraposição, podem ser citados José Luis Carbone (Remo, 1999), Dado Cavalcanti (Paysandu, 2015/16/18), Carlinhos Silva (Remo, 1989), o recente azulino Rodrigo Santana e o atual, Daniel Paulista, como exemplos de pessoas bem-educadas, do tipo que respeitam e se fazem respeitar sem confrontos. Márcio Fernandes, que nos últimos seis anos trabalhou no Remo e no Paysandu, é um caso de transformação. No dia a dia, é um homem pacato, fácil de lidar. À beira do campo, porém, é um "siri na lata", principalmente contra a arbitragem. Um mau exemplo!

BAIXINHAS

  • Qual grande técnico do futebol mundial, do nível de Guardiola e Ancelotti, vemos ou vimos dando espetáculo de grosserias à beira do campo? Isso não é apenas uma questão de boa ou má educação, mas também uma exigência da federação ou confederação e da cultura que representam, pela compreensão de que os exemplos do futebol têm grande influência.
  • A "armadura" de brabo, para alguns técnicos, é uma forma de se impor diante do amadorismo que os cerca e de fazer funcionar a estrutura da qual depende o seu sucesso. É a alternativa para quem não tem a capacidade de liderar diplomaticamente.
  • Luiz Felipe Scolari e Muricy Ramalho não economizavam nas patadas, como hoje fazem Abel Ferreira e o menos cotado Hélio dos Anjos. Fora da rotina e do ambiente de trabalho, porém, são pessoas agradáveis, como relatam amigos.
  • Claro que é possível ter autoridade agindo de forma civilizada. Mas cada técnico de futebol é uma pessoa, com inseguranças ou limitações que precisam ser obscurecidas em meio às pressões e ao ego a ser massageado.
  • Diferentemente de décadas atrás, quando os técnicos eram superpoderosos — principalmente na época do passe —, hoje eles lideram atletas muito mais esclarecidos e protegidos por seus staffs. Nenhum técnico tem sucesso se não contar com a confiança dos seus liderados.
  • Os técnicos são julgados diariamente pelos atletas, pela qualidade dos treinos, por decisões justas ou injustas, por protegerem ou exporem os jogadores nas adversidades. Enfim, são avaliados pela competência, pela gestão de pessoas e pela transparência.
  • Dos atuais técnicos de Papão e Leão, Luizinho Lopes é bastante espevitado à beira do campo, mas passa ótima impressão nas entrevistas. Mostra-se muito equilibrado, sensato, tem fácil comunicação e parece ter boa gestão de pessoas.
  • Daniel Paulista é contido, muito observador e parece medir as consequências de tudo o que faz e fala. Transmite sobriedade e ouve bastante o seu entorno. Tem convicção e consegue agilizar os processos sem deixar de cumprir as etapas. Perfil de quem sonha grande, mas dá tempo ao tempo.

Carlos Ferreira