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Legítimo recibo de mentalidade atrasada

Carlos Ferreira

No Remo, no Paysandu, na Tuna e demais clubes, se o time vai bem no futebol, cobranças internas à gestão implicam no rótulo de "secador". Atitude de quem quer tumultuar! É bem assim que funcionam as relações nos Conselhos Deliberativos de Leão e Papão, conforme depoimentos que chegaram ao colunista depois do comentário sobre atraso de mentalidade nos dois clubes. E se é assim no Condel, imaginemos nos demais segmentos...!

Não há recibo mais legítimo de atraso de mentalidade, no futebol e em qualquer outra atividade, do que a rejeição a cobranças ou questionamentos de intenções ou decisões sob alegação de desunião. Essa mentalidade de bajulação, com interesses nem sempre voltados para o clube, alimenta lideranças inóquas, ambiente de fofocas e clima de beligerância. Isso sim é produzir desunião! Bajuladores (não são poucos) iludem quem está no poder e faz questão de ser iludido. Gente que nada soma e atrapalha!

SAF, a transformação

O Paysandu está com programação de palestras para o Conselho Deliberativo sobre Socidades Anônimas do Futebol (SAF). O Remo já passou por essa etapa e contratou uma empresa de consultoria, cuja missão é preparar o clube para eventual tomada de decisão sobre SAF.

Mais cedo ou mais tarde, os dois clubes mais populares da Amazônia serão alvos de grupos estrangeiros (ou até mesmo brasileiros) de investidores. A nova era chegará com grandes transformações. Os atuais clubes associativos, sem lucro financeiro para os sócios, passarão a funcionar como empresas, cujos sócios farão altos investimentos, vão exigir competência e lucro. Interferência nenhuma de bajuladores, espaço nenhum para mentalidade defasada. Clubes que patinam no amadorismo vão desatolar, a não ser que caiam em mãos erradas. Há esse risco!  Afinal, nem todas as SAFs vão valer a pena.

BAIXINHAS

* É muito importante que os clubes estejam preparados. Quem vai decidir precisa conhecer as possibilidades e os riscos para saber o que e como avaliar. Afinal, a migração de clube associativo para SAF é uma decisão sem volta.

* São diversos os modelos de SAF. O mais comum é a venda do domínio administrativo do futebol e de patrimônio. Mas, dependendo da saúde financeira e do apelo mercadológico, o clube pode impor condições nas negociações.

* O Remo, que vai quitar a dívida trabalhista em 2023 e tem a dívida tributária toda negociada, ainda vai enfrentar pressão de dívidas cíveis, mas está em ótimas condições para negociar. O Paysandu tem mais complicações, mas nada demais.

* Clubes paraenses não se prepararam para a explosão do marketing esportivo, para os efeitos da Lei Pelé e do Estatuto do Torcedor, para a era das parcerias comerciais... Se atrasaram nos processos e ficaram para trás de clubes de menor porte.

* A defasagem está muito bem refletida nas estruturas física e organizacional, e mais ainda nas categorias de base. Remo e Paysandu sempre tiveram tudo para ser grandes indústrias de futebol, mas, ao contrário, insistem em ser importadores de "Pimpões" e "Pipicos" da vida.

* Percebam que nem a injeção de verbas públicas é capaz de impulsionar nossos clubes. Uma década de patrocínio do governo estadual, através da Funtelpa e do Banpará, cerca de R$ 100 milhões injetados e a principal história produzida é de uma uma enxurrada de contratações mal sucedidas.

* O modelo de clube associativo que está aí não tem mais cabimento. Com ou sem adesão ao sistema de SAF, Remo, Paysandu e companhia precisam urgemente desatolar do atraso. E não há chance de ser sob a influência dos desprezíveis bajuladores.

* Dependendo do que conseguir hoje em Rondônia, contra o Real Ariquemes, na Copa do Brasil sub 20, o Remo poderá ter casa cheia e renda muito oportuna no jogo de volta. Vai ser na próxima segunda-feira, 20 horas, no Baenão. 

Carlos Ferreira