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O sono do atleta e os efeitos em campo

Carlos Ferreira

O basal de sono considerado normal é de oito horas. E se o sono é fundamental para recuperação de energias das pessoas em geral, imagine a importância para atletas de alto rendimento. Essa é uma preocupação crescente nos clubes mais estruturados e organizados, onde os treinamentos são executados conforme o sono de cada atleta na noite anterior.

O Paysandu, segundo o coordenador científico Júnior Furtado, tem protocolo para os atletas e faz o monitoramento através de um aplicativo, no qual eles fornecem informações sobre quantas horas dormiram, quantas vezes acordaram durante a noite e se o sono foi restaurador. Com base nas respostas do atual elenco, foi tomada a decisão de priorizar o horário da tarde para treinamentos, como forma de os atletas terem mais tempo para dormir.

No Remo, o executivo Marcos Braz se impôs para que o time não viajasse de madrugada a Chapecó, para que não houvesse prejuízo de sono e impacto no rendimento em campo. Isso é decisão administrativa com base em constatação científica. 

Consequências do déficit de sono

A queda de performance e a vulnerabilidade a lesões são apenas as principais consequências do rotineiro déficit de sono. Apesar de ser uma questão fundamental no futebol de tanta intensidade e desgaste, nem todos os clubes a tratam com a devida importância. E a imprensa não dá ao tema a atenção que deveria.

O médico Jean Klay, dirigente no NASP (Núcleo Azulino de Saúde e Performance), ouvido pela coluna, diz que o Remo mantém um questionário cujas respostas dos atletas são cruzadas com dados laboratoriais e dados de imagens. Assim o clube monitora a qualidade do sono de cada um e dá à comissão técnica as informações científicas que orientam o planejamento dos treinos.

BAIXINHAS

* Clubes mais tecnológicos disponibilizam para cada atleta um anel que transmite as informações do sono direto para o sistema. Cada anel desse custa cerca de 2.500 reais. Um investimento que Leão e Papão devem fazer, mais cedo ou mais tarde. 
* O pós-jogo dos atletas profissionais, nos clubes medianamente organizados, tem sessões de crioterapia e o uso de relaxantes musculares. Um dos efeitos favorece o sono restaurador, absolutamente necessário à saúde e à performance dos atletas profissionais. 
* Além disso, os atletas são orientados a manter cuidados necessários à higiene do sono: ambiente silencioso e escuro, protetor de ouvido e visão, temperatura apropriada, cama apropriada, rotina de horário para dormir, sete a oito horas de duração do sono. São orientações que valem para as pessoas em geral, mais ainda para atletas de alto rendimento.
* Outras recomendações dos especialistas: até quatro horas antes de deitar, devem evitar comida pesada no jantar, evitar o uso de telas (celular, tablet ou televisão), evitar leitura de livros e o consumo de cafeína. O que também compromete o sono é a adrenalina, geralmente muito alta nos atletas após jogos importantes. 
* Nas viagens que os times fazem de madrugada o comprometimento do sono é inevitável. Este colunista testemunhou em 2011 as circunstâncias de uma viagem do Paysandu a Salvador. O time jogou à noite contra o Bahia e às 7 horas do dia seguinte a delegação já estava no aeroporto.
* Perguntei a alguns atletas quanto tempo dormiram. E as respostas foram que não dormiram, pelo efeito da adrenalina e pelo horário da saída para o aeroporto. Resultado: sono irrecuperável e impactos na performance e na saúde dos atletas. 
* Passados 14 anos, o Paysandu tem uma coordenação científica e todo um suporte tecnológico para monitorar o nível de sono dos atletas. Essa evolução nos cuidados com os atletas está nos avanços da ciência no esporte. Afinal, a intensidade crescente do futebol exige todo um suporte à performance física e condições mentais. 
* Sono bem dormido é tão importante quanto o treino físico, o treino tático, o treino técnico e o equilíbrio emocional. Afinal, isso tudo requer concentração, esmero e esforço com energias plenas, só recuperadas em condições apropriadas de sono. rtante quanto o treino físico, o treino tático, o treino técnico e o equilíbrio emocional. Afinal, isso tudo requer concentração, esmero e esforço com energias plenas, só recuperadas em condições apropriadas de sono.