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Ciência e tecnologia em vão no Leão

Carlos Ferreira

NASP (Núcleo Azulino de Saúde e Performance), uma unanimidade. Em ciências, tecnologia e especialistas em medicina esportiva, fisiologia, fisioterapia e demais funções integradas, o Remo é vanguarda entre clubes brasileiros do mesmo porte. No entanto, essa estrutura é subutilizada. Como consequência, o time está em mais um desabamento. 

Os três meses de Antônio Oliveira no Baenão resultaram em crescente perda de intensidade física, até o time chegar ao nível de rendimento sofrível dos últimos jogos. Isso não teria acontecido se a direção do clube não tivesse ignorado os dados estatísticos dos atletas, nos relatórios da Fisiologia. Esse pecado recorrente é o que está por trás da instabilidade sempre registrada no campeonato brasileiro. Isso é inconcebível. 

Em 2023 foi no Papão 

Helio dos Anjos chegou, viu o time se arrastando em campo (Série C de 2023) e decretou: "Vão ter que sangrar". Intensificou os treinos e o time saltou do risco de rebaixamento para o acesso. O mesmo ocorreu no Remo de 2024 na chegada de Rodrigo Santana. Isso ocorre porque os clubes desprezam a importância dos serviços de ciência e tecnologia. Mentalidade de curto alcance! 

Todo ano, Remo ou Paysandu ou os dois juntos se vêem por conta de milagre, como agora é o caso do Papão para evitar rebaixamento e do Leão para acesso. O futebol tão físico, tão intenso, não admite as flagrantes perdas de intensidade, tão recorrentes nos nossos principais clubes. Os dirigentes apanham e não aprendem. Investem alto em ciências, tecnologia e profissionais qualificados, mas não dão atenção às evidências. Amadorismo! 

BAIXINHAS

* Dirigentes estatutários não terem conhecimento científico é compreensível, mas, como gestores, têm a necessidade de se cercar de gente capacitada e a obrigação de ouvir os especialistas. Mais que isso, têm o dever de implementar os processos de funcionamento. 

* É identificando as causas do que deu certo e do que deu errado a cada temporada, promovendo revisões, correções e aprimoramentos que se garante a evolução. Dirigentes de Remo e Paysandu agem assim? Não. Repetem as práticas. Agem lotericamente na esperança de serem premiados, nem que seja por milagre, como agora. 

* O Paysandu entra hoje na série dos últimos 10 jogos tendo que faturar pelo menos 22 pontos para seguir na Série B. Quem acredita? O próprio jogo de hoje, contra o Criciúma, em Santa Catarina, já induz o torcedor a rezar mais do que torcer. Descrença óbvia dos bicolores. 

* Das 28 rodadas já disputadas nesta Série B, o Paysandu só fechou três fora da zona do rebaixamento. A campanha é ridícula, mas não tanto quanto a de 2007, na Série C. Em seis jogos, apenas um ponto. Entre 64 clubes, o Papão foi o 62°. Por sorte, ainda não havia Série D. Outro fiasco foi em 1973, na 1a divisão nacional. Ficou 18 jogos sem vencer: 14 derrotas e três empates. 

* Para o Remo, na estreia do técnico Guto Ferreira, hoje, o desafio é vencer o CRB. Nem tanto pelo adversário, que tem um histórico pífio como visitante: 9 derrotas, 3 empates e 2 vitórias. A questão é que o Leão vem jogando muito mal e tornou-se inconfiável. 

* Guto Ferreira é o 73° técnico a estrear no Remo neste século. A média azulina está mantida: três técnicos por temporada, mesma média do rival Paysandu. Fazendo bom trabalho nesta reta final da Série B, Guto deverá ter continuidade no comando azulino em 2026.

* O Remo tem a impressionante marca negativa de não ter iniciado e terminado uma única temporada com o mesmo técnico na era profissional. Foram mais de 140 técnicos no período, entre substitutos e substituídos. Acredite!