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A quem interessa a desordem nos grandes jogos?

Carlos Ferreira

Estacionamento caro, sem qualquer organização, nem mesmo garantia do serviço. Acesso sofrido ao Mangueirão, e dentro cada um que se vire pra ver o jogo com tanta gente em pé, se acotovelando. Filas para consumo de lanche ou bebidas, a preços absurdos. Vale tudo no estádio entupido de gente, sem respeito algum pelos direitos do consumidor ou mesmo de cidadania. A quem interessa a desordem nos grandes jogos em Belém?

Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Ministério Público, antes muito ativos, ficaram surdos, cegos e mudos, de braços cruzados. Detran e Semob igualmente descomprometidos. Federação e SEEL se esquivam diante das cobranças. Remo e Paysandu só estão interessados em faturar. A torcida voltou a ser tratada como "gado" para entrar e para sair. O Mangueirão foi modernizado, mas o seu uso teve gritante retrocesso. A quem interessa isso?

Em Fortaleza, o exemplo ideal

Na última terça-feira, mais de 60 mil pessoas na Arena Castelão para Fortaleza x Corinthians, com todos os serviços dentro da normalidade. Por quê? Pelo cumprimento de obrigações em trabalho conjunto, sob coordenação do clube mandante. Torcedor tratado como consumidor, cidadão. Nem tudo perfeito. Reclamações ocorrem, mas num nível aceitável, inevitável. 

Em Belém, até o cambismo voltou, facilitado por clube mandante. Felizmente, para os clubes, a paixão dos torcedores é maior que a percepção da própria dignidade. 

BAIXINHAS

* A capacidade do Mangueirão virou tabu. Não pode ser oficialmente anunciada para que o estádio receba 50 mil pessoas na marra, fora das normas. Ainda bem que houve o jogo da Seleção Brasileira para dar parâmetro.

* Só no jogo da Seleção cumpriu-se a lei geral do esporte, com a divulgação do público pagante ainda com bola rolando. Nos jogos regionais, o relatório sai dois dias depois, elaborado conforme conveniências. 

* As obrigações de planejamento estratégico e execução nos eventos são do clube mandante, mas tem que haver acompanhamento e cobranças do MP, inclusive sobre os órgãos públicos e Federação. Era assim, quando havia compromisso com ordem. 

* Além da beleza do novo Mangueirão e do melhor gramado do país, nossos clubes ganharam condições privilegiadas no aluguel, pagando apenas R$ 30 mil por jogo. Nas principais arenas do país o aluguel custa 20% da renda bruta. 

* Na tabela dos 20%, o Remo teria pagado quase R$ 600 mil no jogo contra o Corinthians, e o Paysandu cerca de R$ 800 mil nos jogos contra Botafogo/PB e Amazonas. 

* O governo estadual tem sido parceiro generoso dos clubes. Como patrocinador, merece eventos bem organizados, em que normas sejam cumpridas e o público respeitado. 

* O novo Mangueirão causa orgulho aos paraenses e deve atrair grandes eventos para Belém. O que não faz sentido é a falta de competência, ou de compromisso, para o bom uso desse equipamento cuja reforma recente custou mais de R$ 500 milhões.

Carlos Ferreira