Romaria das Crianças: 250 mil pessoas lotam as ruas de Belém e prestam homenagens neste domingo, 16
Procissão começou às 8h e durou cerca de duas horas. Famílias dão continuidade à tradição católica dois anos depois da pandemia
Procissão começou às 8h e durou cerca de duas horas. Famílias dão continuidade à tradição católica dois anos depois da pandemia
Cerca 250 mil pessoas, sobretudo crianças, acompanhadas dos pais, participaram da 30ª Romaria das Crianças, na manhã deste domingo 16, em Belém. O evento teve início às 8h da manhã, logo após a missa celebrada pelo arcebispo da capital do Pará, Dom Alberto Taveira Corrêa. Esta foi a primeira vez que a procissão voltou às ruas após dois anos de pandemia.
A enfermeira Andressa Lobato Gomes, de 34 anos, estava desde cedo na avenida Nazaré, perto da Praça Santuário, de onde parte a romaria, acompanhada do marido, Fernando, e da filha Maria Fernanda, de 4 anos, vestida de anjo, como é tradicional na festa. Ela conta que se preparou durante os últimos três anos para este momento, que foi muito esperado para poder agradecer e pagar uma promessa:
"A gente está acompanhando o Círio com ela [a filha] pela primeira vez. Desde que ela nasceu, a gente tinha esse desejo de acompanhar o Círio com ela, porque, pra gente, ela é uma promessa de Deus. Ficamos dez anos tentando engravidar e tivemos muitas dificuldades, até que nós fomos agraciados no ano de 2020 com a nossa filha e, hoje, após três anos, estamos acompanhando o Círio pagando essa promessa. Por conta da pandemia a gente acabou adiando também, já que não teve Círio nos outros anos. A gente deseja sair daqui com muito mais esperança e união", comenta.
Diferente da pequena Maria Fernanda, que estreou na romaria, o estudante Paulo Vitor Vanzeler, de 12 anos, já é um veterano, pois participa da Romaria das Crianças desde pequeno, por uma tradição de família. A mãe dele, a balconista Nádia Vanzeler, 45 anos, conta que a família leva Paulo Vitor à procissão como um gesto de agradecimento pela cura do menino, que ainda pequeno teve pneumonia:
"Ele vem desde pequeno, quando ele teve um problema de pneumonia e se curou, desde então, todo ano ele vem, trazendo papel picado para jogar e homenagear Nossa Senhora. Mesmo quando não teve procissão, ele fez os papeis e deixou guardado. Foi muito triste, mas a gente sempre continuou se envolvendo", ela conta.
Paulo Vitor, por sua vez, descreve a felicidade de participar da Romaria: "Eu acho muito legal, gosto muito de Nossa Ssenhora de Nazaré e é uma tradição, que passou da minha avó para a minha mãe e acho muito legal", disse, emocionado.
VEJA MAIS
A Romaria das Crianças também é a procissão mais esperada por fiéis que apresentam algum problema de saúde ou redução de mobilidade, uma vez que o percurso é mais curto que os de outras procissões e o volume de pessoas é menor. Por isso, essa é a procissão da qual a pedagoga Elizabeth Motta, de 37 anos, participa tradicionalmente, trazendo as duas filhas, usuárias de cadeira de rodas, Sthefane, de 15 anos, e Alice, de quatro anos.
"Eu venho à Romaria desde criança, com a minha avó, que me trazia. Inclusive, hoje, está fazendo nove anos do falecimento dela. Então eu continuei a tradição, há 15 anos, trazendo as minhas filhas. A Sthefane vem desde bebezinha e a Alice é a primeira vez, devido à pandemia. Elas participam só dessa Romaria, que é melhor pra elas, e um pouco da outra, que passa lá na Almirante Barroso, porque é perto de casa".
Ao total, o percurso da procissão totaliza 3,7 quilômetros, percorridos desde a Praça Santuário de Nazaré, seguindo pela travessa 14 de Março, entrando pela avenida José Malcher e voltando pela travessa Doutor Moraes, de volta para a avenida Nazaré, onde a procissão alcança, novamente, a Praça Santuário. Este ano, a procissão levou cerca de duas horas para completar o percurso. Em alguns trechos, houve paradas para homenagens feitas por fiéis na sacada dos prédios, sobreturo com música e preces.
Sessenta crianças fizeram parte da Guarda Mirim da Imagem Peregrina este ano. Elas foram distribuídas nos quatro Carros dos Anjos que integram a procissão e seguem à frente do Carro da Berlinda, onde é transportada a Imagem. De acordo com a Diretoria da Festa de Nazaré (DFN), um carro em especial foi dedicado ao transporte de 20 crianças em tratamento no Hospital Ophir Loyola, que é referência no tratamento de pacientes com câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no estado.
Segundo o diretor de procissão da Guarda Mirim, Aian Nobre, as crianças são preparadas ao longo do ano, nas paróquias da cidade, para participar da romaria. "Esse é um momento muito especial para nós, da Guarda Mirim, depois de dois anos sem Círio, a gente se sente honrado em servir. A gente faz um curso ao longo do ano para passar todos os conhecimentos da igreja e sobre o serviço para eles, no final, eles têm uma formatura antes de sair na procissão. A gente também agrega a família e faz um grande trabalho de evangelização".
A Romaria das Crianças terminou por volta das 10h da manhã, quando o último carro, que trazia a Imagem de Nazaré, chegou de volta à Praça Santuário. A Imagem Peregrina foi recebida pelo arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, que ministrou a bênção final, reforçando a alegria da retomada da procissão: "Louvo a Deus por mais uma Romaria das Crianças, um momento único de grande potencial evangelístico. Que pela intercessão de Maria, Deus continue abençoando cada pessoa que se fez presente aqui".