Presos não terão visita da imagem da Virgem de Nazaré
PASTORAL – Por causa da pandemia de Covid-19, evangelização nas prisões está submetida a uma série de restrições
Neste ano, por causa da pandemia de Covid-19, a imagem peregrina da Virgem de Nazaré não fará a tradicional visita às unidades prisionais do Estado durante o período do Círio. O momento é sempre de evangelização e redenção para muitas pessoas privadas de liberdade, mas a mensagem é a mesma: força e coragem, como recomenda o diácono Ademir da Silva, coordenador da Pastoral Carcerária.
Ele observa que o trabalho de evangelização teve mudanças devido à pandemia. As visitas a unidades prisionais, antes, eram semanais. Agora são mensais. O toque e o calor humano de antes tiveram que ceder espaço a pregações mais distanciadas. Nada de Bíblias ou imagens nas celas. Portanto, não pode haver a festa que mudava, ao menos por um dia, a rotina dos presos.
"Nos presídios, já vivemos o problema da superlotação. Lembro de uma visita que fiz com dom Irineu, certa vez, em que a cela, que dava uns 40 metros quadrados, tinha umas 50 pessoas. Mesmo assim, é interessante ver a expressão de arrependimento, de esperança, de um pedido de ajuda, que até quem é de outra fé faz a Nossa Senhora. Ela tem uma presença, uma força, uma energia acolhedora, que não dá para explicar. Só sentir mesmo. E isso não teremos neste ano. Os momentos ainda mais comoventes são nos presídios femininos", lembra Ademir.
O diácono reforça que o cristão verdadeiro não considera quem está preso como "lixo ou escória da humanidade". "Essas pessoas são gente. Elas também precisam de amor, de perdão. E elas têm capacidade de amar que nós desconhecemos às vezes. Esse momento, em que o Círio será em casa, nas famílias, pode ser um momento de perdoar, de fortalecermos nossos laços e nossas famílias, para, assim, ano que vem, termos um Círio ainda melhor e mais grandioso", disse.
CORAGEM
A mensagem que o religioso envia a quem está privado de liberdade é: "Maria está dizendo: filhinhos, não se preocupem. Não se angustiem. As coisas estão difíceis? Estão. Mas eu estou com vocês. Façam tudo o que Jesus, meu filho, disse para fazerem. Não se deixem abater. Meu filho venceu o mundo. Vocês também vão vencer e vencer essa etapa de adversidade. Coragem", recomenda o diácono, observando que, mesmo sem uma programação tradicional, ele diz sentir a empolgação normal de um Círio como qualquer outro.
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) foi procurada, mas não deu informações sobre se haverá alguma programação relacionada ao Círio no sistema prisional do Estado.