Arcos de Nazaré: entenda o que simbolizam essas estruturas no Círio
Feitos em aço branco, os arcos são decorados a cada edição do Círio e representam um portal espiritual que liga a cidade à fé

Os Arcos de Nazaré, instalados na avenida Nazaré entre a travessa 14 de Março e a avenida Generalíssimo Deodoro, marcam o início da Trasladação e o fim do trajeto da grande romaria do Círio de Nazaré. Mas o que essas estruturas representam para os devotos e por que elas emocionam tantos romeiros ano após ano?
A presença de arcos no Círio remonta ao século XIX. Há registros que indicam a instalação das primeiras estruturas em 1897. Nos primeiros anos, os arcos eram montados e desmontados anualmente, como parte dos preparativos para a festividade. O tempo, no entanto, trouxe mudanças. A tradição de reconstruí-los a cada ano cedeu lugar à proposta de criar uma estrutura fixa, durável e carregada de simbolismo, que pudesse ser apenas decorada a cada edição do Círio.
“Antigamente, eles eram muito esperados, como o manto que reveste nossa Mãe Santíssima — como uma renovação da fé e da esperança”, lembra a arquiteta Carla Abreu, uma das responsáveis pelo projeto atual.
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Desde 2008, os arcos são os mesmos: uma obra assinada por Carla Abreu, Hélcio Arruda e Joaquim Meira. A inspiração mistura elementos da tradição cristã com a leveza de um desenho contemporâneo. A estrutura, feita em aço branco para dialogar visualmente com a Basílica Santuário, remete a fitas entrelaçadas, como se fossem mãos em oração que conduzem o olhar para o céu.
“Eles podem significar fé, proteção, acolhida, renovação espiritual, uma transição da vida para o sagrado, dentro da simbologia religiosa”, explica Carla.
Na base, formas lembram peixes — um símbolo antigo do cristianismo. No topo, o arco sobre o arco representa o manto de Nossa Senhora.
“Dele saem as fitas que ligam a Mãe ao Filho e o Filho à Mãe, numa eterna aliança. Os arcos delimitam o território sagrado, do achado da imagem ao Santuário de Nazaré”, completa a arquiteta.
Portal de fé para romeiros
A decoração dos arcos muda a cada edição da festa, sendo finalizada somente após a divulgação do cartaz oficial do Círio, feita no final de maio. As cores, as luzes e os adornos escolhidos para cada ano transformam o espaço, reforçando o sentimento de renovação e pertencimento.
Para o coordenador do Círio 2025, Antônio Sousa, mais do que uma estrutura arquitetônica, os Arcos de Nazaré são uma experiência espiritual:
“Resgatar essa história e manter esse legado vivo é um dos compromissos da Diretoria da Festa. Tentamos preservar a memória dos símbolos do Círio — no nosso site, no Museu Memórias de Nazaré e na TV Círio. Os Arcos são um verdadeiro portal de fé: anunciam a chegada do Círio e acolhem cada romeiro com emoção, esperança e devoção. A cada ano, eles são pensados com carinho para representar não apenas a grandiosidade da nossa festa, mas também a simplicidade e a fé do povo paraense”, resume.
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