Anjinhos são mensageiros da esperança

Anjos, do grego ággelos, ou mensageiros. É esse simbolismo de gratidão que inspira devotos de Nossa Senhora de Nazaré a vestirem seus filhos com roupas brancas e asas compridas. Olhos brilhantes, eles deslizam pelas ruas a anunciar um tempo de mais amor e promessas cumpridas, num Círio de fé e muita luz.

Este ano em que não haverá procissões, não faltam lembranças e histórias de amor envolvendo anjinhos, criatividade e esperanças.

Fernanda Sena, 36 anos, é mãe de duas Marias: a Eduarda, 8 anos, e a Fernanda, de um ano e meio. Ela conta que sua devoção pela mãe de Deus sempre a livrou de momentos difíceis com as filhas.

“A primeira precisou fazer uma cirurgia de ouvido, e foi pra minha mãezinha do Céu que pedi socorro. Lembro que nesse Círio paguei minha promessa por dois pedidos. Eu estava grávida da Fernanda e sofri um princípio de aborto, mas segui com a gravidez e tudo ficou bem. Eu e meu marido, Marcos, fomos levar aquelas velas gigantes, em agradecimento pelas duas graças. Ano passado, já com minha Maria Fernanda nos braços, pude participar como sempre sonhei. Vesti ela de anjinho e fomos esperar a Santa, às 6h da manhã, durante sua passagem na Praça do Relógio”, relembra.

Este ano, por causa da pandemia, a anjinha de Fernanda assistirá ao Círio de Casa. “Vamos só eu e o pai delas na Basílica depositar nossas promessas, agradecendo por tudo que passou, mas principalmente pela segunda cirurgia que Eduarda enfrentará em outubro. Tenho muita fé que vai ser mais um dia de gratidão”, conclui.

RISCO

“Descobri já com seis meses que estava grávida do meu anjinho. Como eu sou renal crônica de nascença, eu não deveria engravidar, mas tudo aconteceu como um milagre”, conta a estudante universitária Márcia Dias, 27 anos.

Ela descobriu muito cedo que não poderia engravidar, pois corria alto risco de vida, mas para a surpresa e felicidade de todos da família, o inesperado fez uma surpresa.  E com toda devoção que tem à Virgem de Nazaré, nunca duvidou do milagre recebido.

Ela conta que, desde os 12 anos, quando teve uma infecção generalizada e quase morre, a tia fez uma promessa de depositar no carro dos milagres dois rins de cera, em sinal gratidão por sua vida.

“Eu fui crescendo e passei a acompanhar minha tia. Nossa Senhora me protegeu com uma gravidez tranquila e fez meu filho nascer com saúde. Então, este ano, vou vesti-lo de anjinho e levá-lo na Basílica. Teremos que assistir ao Círio pela TV, mas ano que vem, tenho muita esperança que poderemos viver todo esse período como tradicionalmente gostamos de fazer. Percorrer as ruas em agradecimento às graças alcançadas".