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Unindo solidariedade e fé, voluntários da Cruz Vermelha se preparam para o Círio de Nazaré

A iniciativa, que reúne centenas de membros, tem como objetivo garantir segurança e suporte aos fiéis em diferentes pontos de apoio ao longo das peregrinações

Gabriel Pires

A pouco mais de um mês do Círio de Nazaré, os voluntários da Cruz Vermelha Pará já iniciaram os preparativos e passam por treinamentos para atuar no resgate e nos primeiros socorros aos devotos durante as romarias. A iniciativa, que reúne centenas de membros, tem como objetivo garantir segurança e suporte aos fiéis em diferentes pontos de apoio ao longo das peregrinações, especialmente na Trasladação e na Grande Procissão — tradicionalmente, os momentos de maior público das procissões da quadra nazarena.

O treinamento é dividido em duas etapas: teórica e prática, com duração aproximada de 4 horas cada. De acordo com o membro do departamento de primeiros socorros da Cruz Vermelha no Pará, Allan de Abreu, tanto informações sobre a instituição quanto os primeiros socorros são ensinados nesse primeiro momento da capacitação. Na parte teórica, também é detalhada a instituição e a forma como o voluntário interagirá com as demais instituições presentes no evento. Não é necessário, como requisito, ter conhecimento prévio sobre qualquer conceito da área da saúde.

“Também detalhamos a forma em que o voluntário vai encontrar os profissionais da Cruz Vermelha dentro do Círio e a parte teórica de primeiros socorros. Na parte prática, a gente vai fazer toda a simulação de como levar uma vítima até o posto e de como fazer os primeiros atendimentos. A gente tenta colocar todos os tipos de agravos, de coisas inusitadas que o voluntário pode encontrar e o que mais se pode encontrar também, que são pessoas com quadros de desmaios e de convulsões”, explica Allan.

As formações estçao são realizadas aos sábados, no Centro Universitário Fibra, na avenida Gentil Bittencourt, bairro de Nazaré). Cada participante deve comparecer a apenas um treinamento, escolhendo entre os turnos da manhã, das 8h às 12h, ou da tarde, das 14h às 18h. “O treinamento é de responsabilidade de alguns departamentos. Os membros efetivos fazem esse auxílio e apoio. Somente os departamentos e os membros efetivos que fazem os treinamentos para os voluntários temporários”, destaca o membro da instituição.

Para garantir que o trabalho de ajuda e resgate ocorra corretamente, os voluntários e membros efetivos são divididos. “Os voluntários efetivos atuarão nas 18 procissões. Já os voluntários do projeto Círio vão atuar em quatro peregrinações, que são a Trasladação, o Círio, a Romaria das Crianças e a Romaria da Juventude. No meio desse processo de organização, se inscrevem para a atividade e a gente determina os postos conforme as inscrições”, detalha Allan.

Atendimento

Anualmente, a operação total envolve 14 mil voluntários, de acordo com balanço da instituição - divididos em socorristas, registradores, lancheiros, logística e jurídico. “Temos mais de 20 pontos de apoio da Cruz Vermelha que ficam ao longo de toda a procissão. Dependendo do local em que a gente vai fazer esse atendimento, temos um posto mais próximo do local onde o voluntário estará, tanto para a direita quanto para a esquerda. E oferecemos todos esses pontos de apoio durante o Traslado, o Círio e também na Romaria das Crianças”, acrescenta.

No primeiro momento de apoio, Allan explica quais são os principais tipos de ajuda dada pelos voluntários da Cruz Vermelha: “A princípio, na rua, essa pessoa vai receber os socorristas, que vão prestar os primeiros socorros. E se for necessário transporte até o posto. No posto, vai ter uma equipe, com médico, enfermeiros e outros profissionais da saúde, até jurídico, que vai poder continuar esse atendimento. Durante o Círio observamos muito desmaio, por conta de hipoglicemia devido à falta de alimentação”.

Diferencial

Allan explica que, para este ano, a instituição aposta em dois diferenciais: aumentar a mobilização de voluntários devido à expectativa de mais pessoas no Círio por conta da COP e voluntários bilíngues “Estamos tentando mobilizar mais voluntários, tanto efetivos quanto temporários, por conta da COP que está chegando, uma vez que existe a expectativa de ter mais pessoas nesse Círio. E também estamos buscando pessoas que sejam bilíngues ou que tenham outras habilidade para dar esse apoio e ajudar na comunicação”, observa.

Experiências

Aos 52 anos, a técnica de enfermagem Simone Pantoja, participa pela primeira vez como voluntária do projeto. Ela contou que já atuava como socorrista em outra instituição há 18 anos e sempre teve o desejo de integrar a Cruz Vermelha, inspirado também pela participação do filho há três anos. Para Simone, realizar o trabalho como socorrista é a concretização de um sonho, já que atua na área da saúde, e a expectativa é vivenciar uma experiência única.

“Eu também fui salva por essa equipe. Eles deram a vida para me salvar. Então, eu quero retribuir esse ano como voluntária, permanecer e ser efetiva com eles aqui. São dois sonhos realizados, porque meu filho conseguiu me resgatar para cá. Esse ano eu vou trabalhar lado a lado com ele. Sobre o treinamento, para mim são coisas novas, eu estou aprendendo. É uma experiência que vou levar para o resto da vida. É sobre fazer o bem sem olhar a quem”, diz, emocionada.

Simone ainda conta que, neste ano, o maior desafio será lidar com o aumento do público durante o Círio, que é conhecido mundialmente: “O mais desafiador deste ano é o aumento do número de pessoas, porque o Círio é conhecido mundialmente. Para mim, o desafio será estar no meio do povo, socorrer vidas e levar o posto, mas trabalhar em equipe facilita tudo. Mas também ter aquele olhar Não só olhar para quem precisa de socorro”, destaca.

Promessa

Já o estudante de Direito, João Paulo Monteiro, 19, participará pela terceira vez como voluntário na Cruz Vermelha e relata que a experiência sempre foi positiva. Ele conta que se interessou pelo voluntariado por meio da divulgação feita pela sua escola e que também tem vontade de se tornar voluntário efetivo. “Entrei como voluntário com vontade de servir e de ajudar as pessoas, mas também tem a questão da fé. Fiz uma promessa de que eu queria ajudar na Cruz Vermelha”, conta.

Entre as memórias marcantes no voluntariado, João Paulo relembra um momento que não irá esquecer. Ele relatou que estava socorrendo uma senhora que havia caído e que seguiram todo o procedimento correto: “colocamos ela no ombro e levantamos. Só que, no meio da multidão, seguir em linha reta é quase impossível. As pessoas vão empurrando, e você precisa sempre lembrar onde fica o seu posto. Como eu estava guiando na frente, acabei sendo empurrado para um lado onde havia dois caminhões entregando água, e só havia um corredor estreito para passar”.

João Paulo afirmou que aquele foi um dos momentos mais impactantes da experiência, porque percebeu como as pessoas ajudam e reconhecem a importância da Cruz Vermelha, entendendo que há alguém precisando de atenção. “Outras pessoas vinham para ajudar, abrir o espaço e sempre levando até a gente conseguir chegar no ponto que a gente precisava. Mesmo com muita confusão, a gente conseguiu socorrer a senhora que tinha caído”, relata.

Inscrição

As inscrições seguem até 28 de setembro, ou até o preenchimento total das vagas, pelo site www.e-inscricao.com/cvbpa/projetocirio2025 . Os valores por mês são R$ 20,00 em julho, R$ 25,00 em agosto e R$ 30,00 em setembro, com pagamentos aceitos via Pix ou cartão de crédito.