Restauro da Berlinda promete abrilhantar ainda mais o Círio após dez anos de reparos
Intervenção completa devolve detalhes originais, com acabamento em folhas de ouro, iluminação renovada e reforço estrutural
A Berlinda que conduz a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré nas duas principais procissões do Círio — a Trasladação e a grande romaria de domingo — passa em 2025 pelo maior restauro dos últimos dez anos. Diferente dos reparos de rotina, que consistiam em ajustes e retoques pontuais, a intervenção atual devolve à peça sua configuração original, com atenção a cada detalhe estrutural, arquitetônico e estético.
Coordenador do Círio 2025, Antônio Sousa explica o que diferencia este momento. “Durante os últimos dez anos, fizemos apenas reparos e retoques na Berlinda, para corrigir qualquer problema que pudesse ter ocorrido durante as procissões. Nunca um restauro completo. Este ano, a gente viu o restauro que está sendo feito na Basílica Santuário, pela Link Engenharia, e pedimos que eles dessem uma ajuda em algum reparo. Na Berlinda, estão fazendo um restauro completo, recuperando toda a parte de detalhes. Para nós, foi um presente maravilhoso”, disse.
Sousa compara o impacto do trabalho ao que já se nota no Santuário após a restauração em andamento.
“Quem entra hoje na Basílica pensa que está em outro lugar. Pelo embelezamento, quando você faz um restauro, a peça aparece como realmente é. Então a Berlinda vai ser apresentada como foi construída pela primeira vez no Círio. Você vai ver a beleza dela em detalhes técnicos. Está sendo feito em folhas de ouro. É só olhar o trabalho já em execução: a beleza e a delicadeza dessa peça, que é uma das mais bonitas do Círio”, afirma.
Cronograma definido
Diretor de Procissões do Círio 2025, Mário Tuma acompanha diariamente a obra na Estação Luciano Brambilla, no Centro Social de Nazaré. “Eu estou aqui praticamente todos os dias, porque a Berlinda é ligada diretamente à nossa área de produção. É nosso maior ícone da Trasladação e do Círio. Esse restauro é praticamente um presente, depois de dez anos da última reforma”, disse.
Ele detalha o cronograma. “Está tudo cronometrado. Começamos com a parte arquitetônica, a estrutura, a pintura. Até 15 ou 20 de setembro devemos concluir essa etapa. Logo depois entra a parte elétrica e de iluminação. No final, os freios do carro. Até o fim do mês estará tudo pronto”, acrescentou.
A expectativa, segundo ele, é grande. “Estou mais do que ansioso esperando por isso. Ela é linda de qualquer jeito. Quando Nossa Senhora está dentro, fica mais linda ainda. E agora, restaurada, vai ficar belíssima. Toda a diretoria está ansiosa, e tenho certeza que todo o povo do Pará também, porque a pergunta na rua é essa: ‘E a Berlinda, e a Berlinda?’. Eu digo: esperem, porque vocês vão ver a coisa mais linda sair”, comentou.
O diretor também ressalta que a restauração não se deve a problemas estruturais.
“Nunca tivemos problema com a Berlinda. Ela é tratada com muito carinho, zelo e cuidado. É a primeira a passar por recuperação quando se conclui a festa. O reparo é total, sempre com pessoas e empresas especializadas. Por isso, nunca houve problema”, garantiu.
Iluminação renovada
Outro ponto de novidade está na iluminação interna. Responsável pelo projeto, a arquiteta Thaís Falesi afirma que o objetivo é evidenciar a Imagem e o manto com fidelidade de cor e sem sombras indesejadas. “Toda a parte elétrica da Berlinda está sendo trocada e renovada. Acrescentamos alguns pontos de iluminação para evitar sombras em lugares que não gostaríamos que tivesse, para evidenciar a Imagem e o manto da forma que Nossa Senhora merece. Também ajustamos temperaturas de cor para que o manto seja apresentado de forma fidedigna, para que as cores reais não sejam alteradas pela luz”, explicou.
Ela reforça que o processo é integrado com outras equipes da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN).
“A diretoria de Decoração trabalha junto conosco, assim como quem está elaborando o Manto. É um trabalho feito a muitas mãos. Sobre detalhes, é tudo surpresa”, disse.
Folhas de ouro
À frente da restauração, o engenheiro Marcus Oliveira, da Link Engenharia, destaca o desafio de devolver à Berlinda sua beleza original. “Ela foi danificada pelo uso, nada anormal. Muito toque, sol, chuva. As camadas de cor estavam desgastadas. Fizemos a remoção dessas camadas, a limpeza geral, e começamos a recomposição com folhas de ouro, que é o processo original. Já concluímos cerca de um terço do serviço”, detalhou.
O trabalho é executado por parte da mesma equipe responsável pelo restauro da Basílica.
“Por isso, preferimos fazer o reparo na Berlinda à noite. O clima é mais ameno e facilita a utilização da folha de ouro, que é muito delicada. Não podemos estar nem com ar-condicionado ligado, porque até o vento pode danificá-la. Então, assim que encerram os serviços na Basílica, a equipe vem para cá e segue até 23h. Todos os dias, inclusive aos sábados”, explicou.
A rotina intensa deve garantir que a Berlinda esteja pronta a tempo das romarias. “Ainda temos de duas a três semanas de trabalho para deixar tudo pronto e ela poder encarar novamente a Trasladação e o Círio”, concluiu.
Palavras-chave