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Círio 2022: Novenas louvam Nossa Senhora de Nazaré e levam o evangelho aos bairros de Belém; vídeo

Em Belém, devotos retomam com os tradicionais encontros nas casas após o período de pandemia

Gabriel Pires

Devoção e felicidade. Esses são os sentimentos que transbordam no coração dos devotos de Nossa Senhora de Nazaré que, durante dois anos, precisaram paralisar as novenas nas casas por conta da pandemia de covid-19. Neste ano de 2022, noite após noite, os fiéis se unem em torno de uma imagem da santa, para compartilhar e reafirmar a crença naquela que é tida como “Rainha da Amazônia”. O encontro é tradição nos bairros de Belém.

Quem viveu a emoção de receber o momento religioso, mais uma vez, em casa foi a costureira Vera Brito, de 60 anos. Residente do bairro do Guamá, ela abriu as portas do lar para acolher os vizinhos que moram nas redondezas. Vera diz que a novena é uma forma de preparação para o Círio.

“Diante dessa pandemia que nós passamos, nós temos muitas graças. E estamos hoje para agradecer tudo que nós conseguimos. A gente está indo em frente, conseguindo tudo de bom. O Círio é um momento de muita gratidão pela nossa vida, pelo nosso dia a dia. E a gente se prepara para receber ela [Nossa Senhora de Nazaré] na nossa casa”, disse Vera. 

Vera ainda destaca que a devoção à Virgem de Nazaré é tudo na vida dela. Isso se concretiza nas graças que ela pôde receber ao longo da vida. Entre os registros das graças alcançadas, estão a recuperação da saúde dos netos e a conclusão dos estudos dos filhos. Não é à toa que o Círio traz à ela sentimentos de “força e fé”, como relata.

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De casa em casa, nas peregrinações que começaram no dia 12 deste mês no bairro do Guamá, o principal objetivo é levar o Evangelho às famílias. Outra devota que esteve presente para expressar a fé na Virgem de Nazaré foi Rogilene Lobato, de 53 anos, coordenadora do grupo de oração "Filhas de Maria".

“É uma preparação que a gente faz espiritualmente para poder receber a nossa mãezinha no dia do Círio e estar espiritualmente conectada à ela e a Deus. Levando a mãe a mãezinha [nas casas], eu me sinto muito, muito feliz”, afirmou Rogilene, dizendo estar feliz em voltar a receber as irmãs de fé em casa.

A coordenadora do grupo de oração comenta que, durante os encontros, é rezado o tradicional terço mariano, além de contar com uma confraternização e um momento para partilhar um lanche. Ela se sente emocionada durante as orações, pois percebe o quanto esse momento de unidade acalenta o coração dos que estão presentes.

Com a aproximação do Círio, ela diz que a retomada das romarias no formato original — de antes da pandemia — representa a expectativa em dias melhores. “Eu digo que este Círio é o Círio da fé, da esperança, que é isso onde a gente tem que focar. Foi ela [Nossa Senhora de Nazaré] quem nos sustentou neste período de dificuldades”, falou emocionada.

Encontro é um momento de paz

No bairro do Marco, Rosa Silva, de 71 anos, está vibrante e esteve presente na primeira novena da vizinhança, que foi realizada na casa da vizinha dela. Após não se reunir com os “amigas de fé” por conta da pandemia, em 2020, e reduzir o números de orantes durante as novenas de 2021, Rosa declara: é emocionante estar de volta.

“Os sentimentos são os melhores possíveis, de união entre as pessoas que participam. E nos dá muita paz ao estar unidos orando pela Mãe de Deus. Depois da pandemia, os sentimentos são apenas de gratidão a Deus por tudo que nós passamos e estamos aqui”, enfatizou Rosa.

Bairro do Marco recebe novenas há mais de 40 anos

A tradição no bairro do Marco não é tão recente. Há mais de 30 anos, os moradores das redondezas se reúnem para rezar o terço em louvor à Nossa Senhora de Nazaré. A aposentada Jacirema dos Santos, de 63 anos, destaca que é depois da Missa do Mandato — celebração que marca o início das peregrinações com a benção das imagens peregrinas — que os moradores começam a se preparar para ir ao encontro das famílias.

“Cada ano o grupo cresce mais. A gente atende de 30 a 40 casas por ano. A gente sempre busca novas casas que ainda não estão participando. A gente dividiu o grupo em dois para atender todo mundo”, afirmou Jacirema.

Jacirema diz ainda que a emoção para o Círio aflora ainda mais durante as novenas. Para ela, mesmo estando unida à Virgem em oração todos os dias, é a partir dos momentos de orações com os demais devotos que é tomada pela fé. “Parece que ela está conosco naquele momento, naquela hora. Nesse mês, o mês de setembro, o mês de outubro, são meses abençoados para nós. Parece que a gente está mais forte”, enfatizou ela, que ainda não recebeu a santinha em casa mas que já está no aguardo.

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão do coordenador do Núcleo de Atualidades, Victor Furtado)