Guarda de Nazaré e DFN treinam novos guardas e revisam estações da corda para o Círio 2025
Treinamento realizado neste domingo (24) reuniu veteranos e novatos em simulações cruciais para a Trasladação e o Círio, reforçando união entre Diretoria da Festa e Guarda
Unidos pela fé e pela responsabilidade de conduzir milhões de fiéis, integrantes da Guarda de Nazaré e da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) realizaram, na manhã deste domingo (24), o treinamento anual e a revisão das estações da corda. O encontro, realizado no estacionamento do Centro Social de Nazaré, marcou a preparação final para os momentos mais desafiadores da Trasladação e do Círio 2025. Além de vistoriar cada estação, as equipes simularam situações de risco, como a curva da Pedra do Peixe (no Ver-o-Peso) e os demais momentos de maior aglomeração de fiéis.
O diretor de procissões da DFN, Mário Tuma, ressaltou que a integração entre as equipes é o ponto central dessa preparação. “A DFN e a Guarda de Nazaré são uma unidade só. Trabalhamos em todos os momentos, em comum acordo, em todas as decisões. Dependemos muito da Guarda, e há uma necessidade grande dessa união”, afirmou. Ele explicou que os novos guardas precisam compreender desde o simbolismo das estações até os detalhes práticos do atrelamento e do apoio às equipes de saúde. “Todos os momentos cruciais da procissão serão ensaiados hoje. A maior parte dos guardas que estão aqui são novos e precisam desse aprendizado para chegar preparados ao Círio”, completou.
Para Tuma, a experiência tem um peso ainda maior neste ano. Com a expectativa de público ampliado devido à realização da COP 30 em Belém, a responsabilidade da Guarda aumenta. “O Círio envolve fé, mas também logística e cuidado. Por isso a presença da Diretoria da Festa é importante, para dar amparo em qualquer situação que for necessária. Todos querem participar e precisam estar prontos, porque são 14 romarias no total”, lembrou o diretor.
Estruturas e simulações
Coordenador da Guarda, Oscar Pimenta Filho detalhou o trabalho de vistoria das estações. “Conferimos as emendas, passamos fitas, soldamos se for preciso. Fazemos isso com antecedência para garantir segurança e tempo de reparos. Os novatos foram divididos em equipes, tanto nas estações quanto na retaguarda da berlinda, que é onde há mais atrito porque muitos querem ficar próximos da imagem”, explicou. Segundo ele, o grupo da retaguarda da berlinda é um dos mais numerosos, com cerca de 800 integrantes, e exige treinamento específico para lidar com a pressão da multidão.
Além da logística, Oscar destacou o cuidado com os fiéis. “Treinamos a equipe de saúde, formada por médicos, enfermeiros e técnicos, para atender não só os guardas, mas também os romeiros que possam passar mal. Fazemos simulações de situações reais, como crises de falta de ar ou desmaios. É um trabalho completo, porque nossa missão não é apenas garantir a ordem, mas também o bem-estar das pessoas que vêm rezar e pagar promessas”, disse. Para ele, a adesão dos novatos foi positiva. “Hoje temos 85% dos aspirantes presentes. Até o Círio, devemos alcançar quase 100%. Eles chegam com ânsia de aprender, enquanto os mais experientes reforçam o que já sabem”, avaliou.
A emoção dos novatos
Entre os novatos estava o fisioterapeuta Thiago Araújo, 42 anos, que atuará na estação 3. “É muito gratificante trabalhar para Deus, para Nossa Senhora. A estação é uma referência e exige responsabilidade com a segurança dos fiéis. Por isso o treinamento é fundamental, para que tudo aconteça da melhor forma possível”, disse. Ele ressaltou também a importância da preparação espiritual. “Começa desde cedo, em oração. Peço proteção a Deus e a Maria, e aqui ainda recebemos a bênção do nosso padre. O tempo todo estamos em comunhão”, contou.
Thiago acrescentou que a exigência física também é grande. “O Sírio envolve resistência, tanto pulmonar quanto muscular. Eu já pratico atividades diariamente, mas a própria Guarda incentiva que os guardas mantenham o preparo físico em dia. É uma forma de estarmos prontos para enfrentar as horas de esforço que a procissão exige”, completou.
Na estação 5, um dos estreantes é o funcionário público João Alves, 48 anos. Ele descreveu sua entrada na Guarda como um chamado espiritual. “Me arrepio só de falar. Participei mais de 20 anos como promesseiro de corda, mas em 2025 senti que era a hora. Ser guarda é uma emoção que não tem palavras. Só de vir aqui, limpar a estação, passar fita, já é tocar em algo sagrado”, afirmou, emocionado.
Para João, a experiência é também uma continuidade da fé vivida em família. “A estação 5 é um elo de ligação importante, especialmente nas curvas. Mas, antes de ser guarda, sou cristão. Servir Nossa Senhora de Nazaré, depois de tantos anos como devoto, é uma graça. Muitos iniciam o curso e não concluem, mas eu consegui”, concluiu.
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