Em Castanhal, a 27ª Romaria de Nazaré reúne milhares de fiéis neste domingo
Antes da procissão, uma missa foi celebrada na Catedral Maria Mãe de Deus
Castanhal viveu neste domingo (19) uma das manhãs mais emocionantes do ano. Ainda antes do sol nascer, já se viam grupos de devotos chegando de diferentes bairros, terço na mão, passos firmes e o coração tomado pela fé. Às seis da manhã, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré deixou a Matriz de São José, marcando o início da 27ª Romaria, que mais uma vez transformou as ruas da cidade em um imenso rio de orações, cânticos e promessas.
Após a imagem ser levada em procissão da Matriz até a Catedral Maria mãe de Deus, foi celebrada uma missa campal presidida pelo bispo de Parintins (AM), convidado especial de Dom Carlos Verzeletti, bispo da Diocese de Castanhal. O momento de bênção e acolhimento abriu o caminho para a grande procissão, em um percurso de fé que seguiu até a igrejinha de Nossa Senhora de Nazaré, na vila do Apeú.
A berlinda, ornamentada com flores e conduzida sobre uma réplica da Maria Fumaça, seguiu lentamente, guiada pelo canto dos romeiros. Em cada rosto, um gesto de devoção. Em cada lágrima, um agradecimento ou pedido silencioso. As famílias caminhavam lado a lado, crianças nos ombros dos pais, idosos, todos unidos pelo mesmo amor à Mãe de Jesus.
Este ano, o tema “Com Maria, peregrinos da esperança” trouxe um significado ainda mais profundo. Além de reforçar a mensagem de fé e confiança em tempos difíceis, a romaria também celebrou os 20 anos da Diocese de Castanhal, marco que resgata a caminhada de uma comunidade construída sobre a fé e o trabalho pastoral.
Entre os milhares de fiéis estava Dona Antônia Arruda, 64 anos, que participa da romaria desde os primeiros anos. Para ela, este domingo teve um sentido especial: ajudar a filha a pagar uma promessa.
“Vamos caminhar juntas e, quando chegar lá na igreja da vila do Apeú, ela vai subir as escadas de joelhos para agradecer uma graça alcançada”, contou emocionada.
A fé também moveu Kely Alcione, 35 anos, que trazia nas mãos um pequeno boneco de cera em forma de bebê. O gesto simbolizava a cura do sobrinho recém-nascido, por quem rezou intensamente.
“Ele estava muito doente e passou dias internado. Pedi a Nossa Senhora que o curasse. Ontem ele teve alta, e hoje estou aqui para agradecer”, disse, com os olhos marejados.
A procissão seguiu por cerca de oito quilômetros, ao som de cânticos marianos e aplausos que se multiplicavam ao longo do trajeto. Pelas calçadas, moradores acenavam e jogavam pétalas de flores. De longe, via-se a imagem da santa brilhando sob o sol da manhã, símbolo de uma devoção que resiste e renova gerações.
Quando a berlinda chegou à igrejinha de Nossa Senhora de Nazaré, após três horas de caminhada, uma multidão já aguardava a chegada da padroeira com lenços brancos e corações abertos. O encontro foi marcado por orações, lágrimas e gratidão.
Entre os devotos estava Luana Amâncio, autônoma, que fez o percurso pela primeira vez. Em sua promessa, trouxe não apenas palavras, mas também gestos concretos de fé: empurrou, junto com a mãe, um carrinho de mão onde levava uma saca de cimento e um tijolo — símbolos do sonho da casa própria.
“Prometi a Nossa Senhora que, se conseguisse minha casa, caminharia até que as obras começassem. Hoje estou cumprindo. Vou continuar com esse carrinho até minha casa ficar pronta”, afirmou.
Histórias como as de Dona Antônia, Kely e Luana se multiplicaram ao longo da caminhada. São testemunhos simples, mas poderosos, que revelam o quanto a fé ainda move a vida do povo castanhalense. A cada romaria, Maria de Nazaré renova o vínculo de amor e esperança com seus filhos, lembrando que, mesmo diante das dores e incertezas, é na fé que se encontra força para seguir adiante.
Sob o olhar da imagem sagrada, Castanhal encerrou mais uma romaria — não como o fim de um percurso, mas como o recomeço de uma caminhada que se renova a cada ano, entre promessas, gratidão e esperança.
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