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'Teu c*', diz conceituado médico em resposta a fake news

Maurício Lacerda, que combateu de forma ‘direta’ mentira nas redes, resume: 'Perdi a paciência'

Redação Integrada com informações do G1

O médico Maurício Lacerda Nogueira estava almoçando, tentando relaxar entre uma reunião e outra, quando entrou nas redes sociais e leu o comentário mentiroso de um internauta de que duas pessoas haviam morrido ao tomar a Coronavac. O doutor em ciências biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais respondeu à fake news com um palavrão: “teu c*”.

O comentário do médico virologista, professor da Faculdade de Medicina de Rio Preto e responsável por coordenar a terceira fase dos testes clínicos da vacina, teve grande repercussão, resultando em muitos memes.

Uma página de humor publicou uma imagem onde se lê como o comentário foi respondido ao lado do extenso currículo do médico.

“Perdi a paciência. Chega uma hora que você cansa de discutir. De forma nenhuma achava que isso repercutiria. Pensei que o assunto estivesse encerrado, mas não controlamos as redes sociais. As coisas saem do seu domínio”, explica.

“Aquele comentário é uma frustração do que está acontecendo há anos. O Umberto Eco escreveu que a internet deu voz aos idiotas. As pessoas têm utilizado a internet com uma voracidade impressionante”, complementou.

Embasamento

Segundo o doutor Lacerda, o Brasil vive duas pandemias. “Vivemos a pandemia do coronavírus e a da fake news. O problema da fake news no Brasil é que ela é amplificada pelo presidente da República. É a fake news da cloroquina, fake news da ivermectina e fake news da vacina. Isso é muito difícil para as pessoas que querem trabalhar de forma séria”, disse.

“O debate parte do pressuposto que você tenha uma formação e que você entenda o que está debatendo. Se não for assim, não é debate, é conversa de boteco. Então, se você vai debater, é necessário que você respeite o conhecimento prévio daquele com quem você está debatendo. Não vou mais debater", afirma.

“O que você fala atualmente tem o mesmo valor do que o ‘tiozão do WhatsApp’. As pessoas têm uma necessidade subconsciente de ter um feedback positivo. Portanto, preferem acreditar em uma coisa que te diz que ‘isso é uma gripezinha e tem um remédio que rapidinho vamos resolver’ do que um cientista falar que é ‘uma doença grave, com alta mortalidade”, completou.

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