Telhado de casa abandonada 'derrete' devido ao calor

O estado de uma casa chamou a atenção dos moradores da avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, em Boa Vista (RR). Isso porque o telhado da residência parece estar "derretendo" devido ao calor da cidade e abandono dos proprietários. Com informações do G1 Roraima. 

Além dos portões enferrujados e o quintal consumido pelo capim, a vizinha Helena Melo, funcionária pública, de 59 anos, contou que o teto virou uma "bacia" acumulando água e sujeira. 

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"Eu acompanhei o processo de 'derretimento' dessas telhas e foi por conta de sujeira mesmo. Meu marido chegou a subir, em uma época, para furar as telhas, pois elas acumulavam muita água, muita sujeira, muito odor, muito mosquito... Já tava derretendo mesmo, então deu um jeito da água descer", reclama Helena Melo.

Casa abandonada

Ainda segundo ela, o local era propriedade do Conselho Regional de Medicina (CRM), mas foi abandonado há cerca de 15 anos, depois de passar por uma reforma, em que foram trocadas as antigas telhas por outras mais baratas. 

"Logo que a gente chegou aqui para morar já existia esse terreno aqui do lado, que era do CRM e já tinha essa casa. Quando eu construí essa que eu moro, eles chegaram a reformar essa que tá abandonada hoje. Era uma época que usavam muito telhas 'vagabundas', era moda por ser mais barato. Só que ninguém nunca mais ocupou a casa e isso já tem cerca de 15 anos", explicou a vizinha.

Helena reclama que o espaço acumula sujeira, o que propicia a propagação de mosquitos no bairro. Ela afirma que algumas pessoas visitam a casa a cada quatro meses somente para tirar o capim que cresce constantemente. 

"Remodelaram, mudaram a telha para depois abandonar. Sempre que eu morei aqui esse terreno ficou cheio de mato passando para dentro do meu quintal. As telhas dessa casa foram desgastando e virando uma espécie de bacia que acumulava água e sujeira. Inclusive, já peguei zyka por conta dos mosquitos que se reproduziam na água parada da telha".

Por que as telhas amoleceram?

De acordo com a doutora em patologia das construções e professora de engenharia civil da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Gioconda Martinez, que analisou as imagens do telhado, as telhas deveriam ser feitas de composto de fibras com cimento asfáltico, que ao serem expostas a clima muito quentes, acabam derretendo. 

"A telha é formada por um composto de fibras, com cimento asfáltico, o cimento de base asfáltica. Em climas excessivamente quentes, como o nosso, a estrutura dela não aguenta a deformação promovida pelo aumento de temperatura e amolece. Porque cimentos asfálticos de petróleo têm essa característica de ter um amolecimento mediante a elevação da temperatura."

Em 2022, o dia mais quente em Roraima registrou a temperatura de 36,4°C e foi registrado no último sábado (8). Nos picos de calor, a sensação térmica pode chegar a 40°C.

(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)