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Região Norte tem menor número de médicos por mil habitantes no Brasil, aponta estudo

Dados do estudo Demografia Médica 2025, lançado nesta quarta-feira (30), indicam que persistem as desigualdades na distribuição de médicos pelo país

Dilson Pimentel

Dados do estudo Demografia Médica 2025, lançado nesta quarta-feira (30), indicam que persistem as desigualdades na distribuição de médicos pelo país. A região Norte aparece como destaque negativo. Atualmente, a distribuição de médicos fora das capitais evidencia diferença significativa na proporção de profissionais por mil habitantes em comparação às médias estaduais e das capitais. O estado de São Paulo apresenta a maior concentração no interior, com 2,70 médicos por mil habitantes.

Confira o ranking 2025 da proporção de médicos por mil habitantes por região, fora das capitais:

  • Sudeste: 2,64
  • Sul: 2,35
  • Centro-Oeste: 1,58
  • Nordeste: 0,95
  • Norte: 0,75

Ainda segundo o estudo, todos os estados apresentam uma razão maior em suas capitais quando comparada à razão dos médicos atuando no interior. No Norte, ainda segundo o G1, a maioria dos estados tem razão inferior a 1, com destaque para Roraima (0,13) e Amazonas (0,20), com os indicadores mais baixos. Minas Gerais tem um número absoluto expressivo de médicos trabalhando fora da capital (50.315), com uma razão de 2,66, pouco acima da média do Sudeste. No Sul, Santa Catarina (2,63) têm a maior razão.

No Nordeste, a maior razão é observada na Paraíba (1,57), enquanto Sergipe (0,38) e Maranhão (0,60) apresentam as menores. No Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul apresenta a maior razão (1,95), e Goiás (1,49), a menor. A razão de médicos nas capitais brasileiras revela uma concentração ainda maior em relação à média nacional e das respectivas unidades da Federação. No geral, a densidade de médicos nas capitais supera a média estadual, reforçando a concentração dos profissionais nas grandes cidades.

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Confira o ranking de razão de médicos por 1.000 habitantes, nas capitais, por região:

  • Região Sul: 10,26 (a maior razão de médicos por 1.000 habitantes em suas capitais)
  • Sudeste: 7,33
  • Nordeste: 6,95
  • Centro-Oeste 6,76
  • Norte: 3,78

Em 2035, a projeção é que o Distrito Federal, por exemplo, contabilize 11,83 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 8,11 médicos por mil habitantes, e por São Paulo, com 7,17 médicos por mil habitantes. Em 10 anos, segundo a Agência Brasil, o Maranhão deve registrar uma média de apenas 2,43 médicos por mil habitantes, seguido pelo Pará, com 2,56 médicos por mil habitantes, e pelo Amapá, com 2,76 médicos por mil habitantes. Ainda sobre as desigualdades, o estudo mostra que 48 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 31% da população brasileira e 58% dos médicos em atividade em todo o território nacional.

Ao mesmo tempo, 4.895 cidades com menos de 50 mil habitantes e que também concentram 31% da população brasileira contam com apenas 8% destes profissionais. Além disso, 19 macrorregiões em saúde distribuídas pelo território nacional contam com menos de um médico por mil habitantes, enquanto outras 15 macrorregiões registram uma média de mais de 4 médicos por mil habitantes.

Em 2035, a projeção é que o Distrito Federal, por exemplo, contabilize 11,83 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 8,11 médicos por mil habitantes, e por São Paulo, com 7,17 médicos por mil habitantes. No mesmo prazo de dez anos, o Maranhão deve registrar uma média de apenas 2,43 médicos por mil habitantes, seguido pelo Pará, com 2,56 médicos por mil habitantes, e pelo Amapá, com 2,76 médicos por mil habitantes.

Expansão da graduação

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Os dados mostram que, entre 2004 e 2013, 92 novos cursos de medicina foram registrados no país, com 7.692 novas vagas. Já o período de 2014 a 2024 contabilizou 225 novos cursos de medicina em todo o Brasil, com 27.921 novas vagas. Também foram registradas novas vagas em cursos de medicina já existentes – 697 no período de 2004 a 2013 e 11.110 entre 2014 e 2024.

A pesquisa também indica que as vagas de residência médica não acompanham a graduação – em 2024, cerca de 8% dos médicos do país cursavam algum programa de residência médica em 2024. Os dados mostram que 51,5% dos médicos aguardam até um ano após a graduação para ingressar na residência médica; 22,1% até dois anos; 12,5% até três anos; 9,2% até cinco anos; e 4,7% mais de cinco anos.

Médico generalistas

Do total de 597 mil médicos em atividade no Brasil em 2024, 59,1% ou 353.287 eram especialistas, enquanto 40,9% ou 244.142 eram generalistas. Os homens são maioria em 35 das 55 especialidades médicas, sobretudo em urologia (96,5%) e ortopedia e traumatologia (92%). As especialidades com maior presença feminina são dermatologia (80,6%) e pediatria (76,8%).

Entre os médicos especialistas, 50,6% se concentram em sete áreas: clínica médica (12,4%), pediatria (10%), cirurgia geral (7,8%), ginecologia e obstetrícia (7,4%), anestesiologia (4,7%), cardiologia (4,3%) e ortopedia e traumatologia (4%). Distrito Federal e São Paulo respondem pelas maiores razões de especialistas por 100 mil habitantes (453 e 244, especificamente), enquanto Maranhão e Pará respondem pelas menores taxas no país (68 e 70, respectivamente). O levantamento é conduzido há 15 anos pelo departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB). A edição de 2025 é a primeira realizada com o apoio do Ministério da Saúde.

A pesquisa reúne dados nacionais e internacionais sobre formação, distribuição e atuação de médicos, com projeções para os próximos anos. Os dados utilizados têm como base registros da Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, e de sociedades de especialidades vinculadas à AMB.

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