MPF pede volta de veiculação do comercial 'Selfie', censurado por Bolsonaro

Presidente do banco afirma em entrevista que anúncio não incluiu “fazendeiros, nerds”

Agência Estado e Redação Integrada de O Liberal
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O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul ajuizou ação civil pública para que a peça publicitária do Banco do Brasil denominada “Selfie”, que teve sua divulgação censurada pela Presidência da República, seja veiculada conforme original contratação de mídia. A ação se deu por meio do procurador Regional dos Direitos do Cidadão Enrico Rodrigues de Freitas, em conjunto com o Nuances – Grupo Pela Livre Expressão Sexual.

A ação civil pública pede, ainda, que seja pago, a título de dano moral coletivo, valor não inferior a três vezes o valor da campanha publicitária vetada, montante que deverá ser aplicado em campanha de conscientização de enfrentamento ao racismo e à LGBTQfobia. Além disso, que os valores pagos recaiam na sobre o orçamento destinado à comunicação social da Presidência da República.

O comercial, que começou a ser veiculado na mídia em 31 de março, é estrelado por um grande número de atores e atrizes negros e apresenta um personagem transexual e busca atrair jovens com uma linguagem mais moderna e com serviços via internet. Para tanto, a estratégia utilizada pelo banco foi trabalhar a diversidade do jovem brasileiro buscando atrair o maior número de novos clientes.

Em 26 de abril, a notícia do veto imposto pela União, a partir de ordem do presidente da República, à peça publicitária, tomou o noticiário dos principais veículos de comunicação do país e causou muita polêmica. Para o MPF, a proibição viola, em primeiro lugar, “a Lei das Estatais, a qual veda a redução ou supressão da autonomia conferida pela lei que autorizou a entidade ou da autonomia inerente a sua natureza, bem como a ingerência do supervisor em sua administração e funcionamento”.

“Tendo em vista a motivação do ato, entende-se, também, a existência de ofensa à Constituição da República, que veda o preconceito com base em raça ou de orientação sexual e de identidade de gênero, o que inclui o preconceito denominado LGBTQfobia, bem como qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”, diz também o MPF.

Fazendeiros do BB

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, reafirmou que não gostou do filme publicitário que focava o público jovem e que foi retirado do ar e que não contemplava a juventude brasileira como um todo. "O presidente (Jair Bolsonaro) me ligou e viu primeiro do que eu. Isso foi um erro. Eu deveria ter visto primeiro. Assisti ao filme publicitário do banco e não gostei. Estranhei. Nosso objetivo é atingir toda a juventude, que não estava no filme, o jovem fazendeiro, o esportista, o nerd", disse ele, em coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira, 9, para comentar os resultados do primeiro trimestre.

De acordo com Novaes, o filme publicitário, que culminou na saída do diretor de marketing do BB, Delano Valentim, do cargo, era muito concentrado em juventude descolada. Ele disse que a decisão de retirar o filme publicitário do ar foi do banco. "Vamos ver como atingir a juventude de maneira mais adequada", acrescentou.

O presidente do BB admitiu que a retirada do filme publicitário criou um "certo ruído". Acrescentou, contudo, que às vezes é preciso "enfrentar alguns ruídos" para fazer determinadas mudanças. "Não nos arrependemos de tirar filme do ar. Vamos incorporar jovens no novo filme", disse ele.

Novaes destacou ainda que, apesar de o banco ter retirado uma propaganda publicitária com foco nos jovens do ar, o BB segue com a diretriz de rejuvenescer a sua base de clientes.

Pessoas com menos de 20 anos representam apenas 3% da base do banco. A maior parte dos clientes - mais de 40% - têm acima de 40 anos. Clientes com idade entre 20 e 40 anos representam outros 40%, enquanto que acima de 70 anos respondem por mais de 10%.

O BB ainda não selecionou um novo diretor de marketing.

(Com informações da Assessoria de Comunicação do MPF)

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