Justiça condena líderes religiosos que abusavam sexualmente de fiéis
Durante o período de 2009 a 2016, foram registrados mais de 100 abusos praticados por ele no centro espiritualista
Três líderes religiosos de um centro espiritualista foram condenados e respondem ao crime de violação sexual mediante fraude. De acordo com a denúncia, os três suspeitos abusavam dos fiéis no centro com a desculpa de que estavam realizando a “iniciação tântrica’’.
Em 2018, o caso já havia sido denunciado ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Na época, a justiça determinou que os acusados usassem tornozeleiras eletrônicas e fossem proibidos de frequentar o centro espiritual. O trio também foi restringido de manter qualquer contato com as testemunhas e fiéis. Ainda no mesmo ano um pedido de prisão foi assinado, mas não foi deferido pela Justiça.
Os homens integravam o Centro Espiritualista Semeadores da Luz (CESL), na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro. Durante o período de 2009 a 2016, foram registrados mais de 100 abusos praticados por ele.
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Marcelo Antonio Marques, Leonardo Campello e Jayson Garrido alegavam pregar o universalismo como filosofia, reunindo matrizes religiosas de umbanda, candomblé, Igreja Gnóstica Cristã e correntes orientais. Os homens afirmavam estar possuídos por diversas entidades como "Caboclo Pena Branca", "Preta-Velha Maria Conga", "Vovô-Rei Congo de Aruanda" e "Boiadeiro Urubizara" com o objetivo de convencer os fiéis a iniciarem as práticas religiosas, essa prática sinalizava os abusos. Atos sexuais e libidinosos eram inclusos nos rituais de ‘’iniciação tântrica’’. As vítimas eram informadas que estavam ‘’prontas’ para serem iniciadas por Marcelo, que se dizia a autoridade máxima.
O vice-presidente, Leonardo, além de saber dos abusos, também incentivava as vítimas a obedecerem a vontade de Marcelo. O mesmo também praticava abusos e se passava por psicólogo, cobrando pelas sessões que realizava irregularmente. O terceiro condenado, Jayson, antigo médium da CESL teria sido denunciado por abusar de duas meninas, uma sendo menor, na época, com 15 anos de idade. A maior parte dos fiéis não suspeitavam da atividade abusiva pelas grandes encenações em nome da religião.
As vítimas não eram somente mulheres. Marcelo também escolhia homens "bonitos e jovens" e os coagia a acreditar que ‘’depositaria seu axé’’ em um chacra secreto. Além das práticas sexuais, os fiéis eram convencidos a abrir mão da vida pessoal para ir em busca da religião.
Marcelo, Leonardo e Jayson, foram condenados, respectivamente a 5 e 3 anos de prisão e poderão recorrer em liberdade.
(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).