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Caso Djidja Cardoso: mãe atribui morte de Sinhazinha do Boi à depressão

Além da mãe, o irmão e o ex-namorado de Djidja, além de outras sete pessoas, são investigados por tráfico de drogas

O Liberal

Em audiência de instrução e julgamento realizada no último dia 4 de setembro, Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja Cardoso, declarou que a filha faleceu em consequência da depressão e não pelo uso excessivo de cetamina, forte anestésico de uso veterinário que, se utilizado por humanos, por conta dos efeitos alucinógenos, pode causar dependência. A mãe da ex-sinhazinha do Boi Garantido foi interrogada por mais de meia hora pelo juiz Celso de Paula, que a questionou sobre o uso da substância e conhecimento dos efeitos que ela provocava, e se ela a aplicava nos filhos. Atualmente, Cleusimar e o irmão de Djidja, Ademar Cardoso, estão presos.

Djidja faleceu em maio deste ano e, segundo laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML), sua morte foi causada por um edema cerebral que afetou o funcionamento do coração e do sistema respiratório. A partir de então, a família passou a ser investigada. As primeiras apurações feitas pela polícia apontaram que Cleusimar, Djidja e o filho Ademar Cardoso consumiam cetamina durante os cultos da seita religiosa Pai, Mãe, Vida, criado pela matriarca com base em um livro chamado "Cartas de Cristo". A partir de então, eles começaram a recrutar outras pessoas, principalmente funcionários do salão de beleza da família.

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Cleusimar relatou que a filha estava enfrentando uma forte depressão que havia se agravado após a morte da avó, em junho de 2023, e também em razão da descoberta de traição por parte do então namorado Bruno Roberto. Segundo a mãe de Djidja, o relacionamento do casal era "conturbado".

“A cetamina não foi uma solução para Djidja, mas ela lutou contra a depressão usando cetamina. Não que a cetamina tenha causado sua morte; na verdade, ela tomou altas doses de clonazepam, o que eu considero mais perigoso que a cetamina”, afirmou.

Ao ser questionada se incentivava os filhos a usar drogas, Cleusimar negou: “Eles usavam droga por conta própria. Eu falava em casa, mas não participava de negociações ou vendas. Apenas deixei à disposição na minha mesa para quem quisesse usar. Antes de começar, estudei sobre a cetamina”.

image Cleusimar afirma que a filha faleceu em consequência da depressão e não pelo uso excessivo de cetamina (Foto: Reprodução / Redes sociais)

 

 

 

Cleusimar expressou surpresa com sua prisão, alegando ser apenas usuária de entorpecentes. “A intolerância religiosa é crime. Espero que ninguém me impeça de meditar as cartas de Cristo, que foram escritas por Jesus. Pretendo continuar com meus salões, minhas meditações e seguir a palavra”, declarou, referindo-se às teorias adotadas pelo grupo religioso.

A audiência de instrução sobre o caso, que envolve tráfico de drogas e associação para o tráfico, começou há alguns dias. A defesa dos réus solícita o relaxamento da prisão, mas o pedido foi negado.

Inquérito aponta que Djidja Cardoso era agredida fisicamente pela mãe

Segundo o inquérito, que tramitava em segredo de Justiça, Cleusimar Cardoso costumava agredir fisicamente a filha.

O documento, ao qual a equipe da colunista Fábia Oliveira, do portal Metrópoles, teve acesso, inclui o depoimento de uma empregada que trabalhava na casa da família Cardoso. Ela relatou que a Cleusimar tinha um comportamento agressivo com Djidja, muitas vezes a machucando ao puxar seus cabelos, beliscá-la e torcer seu braço.

“Djidja estava fracassando e mal conseguindo se defender, e sempre pedia para Cleusimar parar com as agressões”, disse a funcionária, que trabalhava com a família desde 2022.

A empregada também relatou que o uso de drogas sintéticas se intensificou com o tempo. Cleusimar, Djidja e Ademar, irmão da dançarina, passaram injetar o anabolizante Potenay, usado para a recuperação física de animais de grande porte, como cavalos. Ela afirmou que Djidja e Ademar costumavam fazer pedidos de analgésicos por telefone durante o café da manhã, usando um código. A divisão das drogas seria de 20ml para Djidja, 20ml para Ademar e 10ml para Cleusimar.

Em julho, a Justiça do Amazonas aceitou a denúncia do Ministério Público contra Cleusimar Cardoso, Ademar Cardoso e o ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto da Silva, por tráfico de drogas. Eles, junto com outras sete pessoas, se tornaram réus no processo. São eles:

José Máximo Silva de Oliveira (dono de uma clínica veterinária que fornecia a cetamina); preso
Sávio Soares Pereira (sócio de José Máximo na clínica veterinária): preso
Hatus Moraes Silveira (coach que se passava por personal da família de Djidja): preso
Marlisson Vasconcelos Dantas (cabeleireiro que trabalhava para a família de Djidja): solto
Claudiele Santos Silva (maquiadora de um dos salões de beleza da família): solta
Verônica da Costa Seixas (gerente de um dos salões de beleza da família): liberado com uso de tornozeleira eletrônica
Emicley Araújo Freitas (funcionário da clínica veterinária de José Máximo): solto
Bruno Roberto da Silva Lima (ex-namorado de Djidja): solto.

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