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Câncer de pênis levou a 7 mil amputações no Brasil; SBU realiza mutirão para cirurgia de fimose

O objetivo é atender cerca de 150 homens paciente da rede publica em todo o País

O Liberal

Nos últimos quatro anos, foram registrados mais de 8 mil casos de câncer de pênis no país, de acordo com o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS).  Porém, houve queda no número de registros entre 2020 e 2021, atribuída à pandemia de covid-19, que reduziu a procura por tratamento médico. Dados levantados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) no Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde mostram que a doença totalizou 2,14 mil casos em 2018; 2,19 mil em 2019; 2,09 mil em 2020; e 1,79 mil no ano passado. Hoje (4), Dia Mundial do Câncer, foi escolhido pela SBU como Dia de Enfrentamento do Câncer de Pênis. As informações são da Agência Brasil.

Número de casos

Nos últimos quatro anos, o maior número de casos foi registrado no Sudeste (3,16 mil), seguido pelo Nordeste (2,57 mil), Sul (1,18 mil), Centro-Oeste (658) e Norte (645). Nesse mesmo período, a prevalência foi maior no Nordeste (9,93 por cada 100 mil habitantes); seguindo-se o Centro-Oeste (9,42); Sul (8,82); Sudeste (8,09); e Norte (8,05).

Os estados com maior registro de tumor de pênis são São Paulo (1,48 mil), Minas Gerais (1,05 mil), Bahia (609) e Paraná (565).

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Em números absolutos, a região com maior incidência de amputação é o Sudeste, com 2,87 mil casos no período, seguido pelo Nordeste (2,10 mil), Sul (1,13 mil), Norte (631) e Centro-Oeste (472). Os estados com maior número de casos de amputação são São Paulo (1,22 mil), Minas Gerais (1,06 mil) e Paraná (582).

Em muitos casos, os médicos partem para a reconstituição fálica, para devolver a autoestima e a função sexual. São níveis de atuação que a SBU já pratica.

Mutirão

O supervisor da Disciplina de Câncer de Pênis da SBU, José de Ribamar Rodrigues Calixto, explica que a cirurgia de fimose é forma de prevenir a doença, pois facilita a limpeza do órgão genital masculino.  Por isso, como parte da campanha de enfrentamento ao câncer de pênis, a instituição inicia um mutirão de cirurgia de postectomia, ou circuncisão, em estados do Norte e Nordeste, visando atender cerca de 150 homens, pacientes da rede pública de saúde.

Embora o Sudeste tenha apresentado o maior número de casos nos últimos quatro anos (3.162), as regiões Norte e Nordeste foram escolhidas para iniciar o mutirão porque têm maior prevalência da doença.

Diagnóstico

No Brasil, muitas vezes, os diagnósticos são feitos em casos já muito avançados. A postectomia, ou fimose, não evita o câncer, mas fornece diagnóstico mais precoce das lesões que estão começando na glande do pênis. As operações no país costumam ocorrer, na maioria das vezes, quando o câncer de pênis está nas fases T2 e T3, ou seja, quando os tumores são de tamanho médio ou grande, quando na verdade elas deveriam ser feitas na fase T1, a primeira.

Por isso o número de amputações é elevado, totalizando 7.213 nos últimos 14 anos, o que corresponde a um aumento de 1.604% no período e a uma média de 515 procedimentos por ano.

A maior incidência de câncer de pênis, acima de 60%, é detectada, em geral, entre homens na faixa etária de 50 a 60 anos, mas os urologistas já tiveram casos na faixa de 28 a 30 anos.

Calixto defendeu a necessidade de se desenvolver no país uma educação sociossanitária. “Lavar, expor esse pênis”. Ele lembrou que o câncer de pênis é o único que pode ser evitado.

O urologista lembrou também a importância do uso de preservativo no coito anal com parceiro ou parceira, para impedir contaminação do pênis com bactérias presentes nas fezes.

A recomendação é que os homens lavem efetivamente a glande três vezes ao dia, façam a retirada do prepúcio e estimulem a vacinação contra o HPV, cuja adesão no Brasil ainda é bastante reduzida.

Segundo a SBU, os homens devem estar em alerta para qualquer mudança na genitália, que deve ser avaliada pelo urologista, como ferida que não cicatriza, nódulos, secreções saindo do prepúcio, área vermelha endurecida, sangramentos vindo da glande que não é exposta, pruridos (coceiras). Essas mudanças podem ser pré-malignas.

Ao longo deste mês, a SBU fará transmissões online com urologistas no Portal da Urologia no Instagram, além de publicar posts e vídeos esclarecendo as principais dúvidas sobre esse tipo de câncer, a postectomia, vacina contra HPV e educação sobre a doença.

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