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Veja a lista dos motéis de SP usados para lavagem de dinheiro pelo PCC

Operação Spare investiga rede de motéis e hotéis ligados ao PCC em SP; Receita aponta uso de laranjas e bens de luxo incompatíveis com receita

O Liberal

Motéis e empresas hoteleiras em nomes de laranjas foram usados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavagem de dinheiro em São Paulo. A informação foi revelada pela Receita Federal e pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), nesta quinta-feira (25), durante a deflagração da Operação Spare.

Segundo a investigação, ao menos 60 motéis e empresas hoteleiras movimentaram cerca de R$ 450 milhões em quatro anos. Os estabelecimentos estão localizados em cidades da Grande São Paulo, como Ribeirão Pires, Itaquaquecetuba, Santo André e São Bernardo do Campo e em bairros da zona leste da capital paulista.

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Lista de motéis investigados em São Paulo

A Receita Federal identificou os seguintes empreendimentos com movimentação suspeita:

  • Maramores Empreendimentos Hoteleiros
  • Motel Uma Noite em Paris
  • Motel Chamour
  • Motel Casual
  • Sunny Empreendimentos Hoteleiros
  • Mille Motel
  • Marine Empreendimentos Hoteleiros
  • Ceesar Park Empreendimentos Hoteleiros
  • Motel Vison

Esquema envolvia distribuição de lucros e imóveis de luxo

Os investigadores identificaram distribuição de lucros desproporcional: um dos motéis chegou a distribuir 64% da receita bruta. Restaurantes registrados em CNPJs diferentes, mas localizados dentro dos motéis, também faziam parte do esquema, como um que distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros com receita de R$ 6,8 milhões.

A quebra do sigilo digital de um dos operadores revelou comprovantes de transferências financeiras de motéis para uma fintech usada como central do esquema.

Além disso, motéis compraram imóveis de alto valor:

  • Imóvel de R$ 1,8 milhão adquirido em 2021
  • Outro imóvel avaliado em R$ 5 milhões comprado em 2023

Organização movimentou R$ 1 bilhão por meio de franquias

A Operação Spare é desdobramento da Operação Carbono Oculto, que já investigava a atuação do PCC no setor financeiro. Foram identificados 21 CNPJs com 98 estabelecimentos ligados a uma mesma franquia, todos associados a investigados.

Essas empresas, embora em funcionamento, apresentavam indícios de lavagem de dinheiro. Entre 2020 e 2024:

  • Movimentaram R$ 1 bilhão
  • Emitiram R$ 550 milhões em notas fiscais
  • Pagaram R$ 25 milhões em tributos (2,5%)
  • Distribuíram R$ 88 milhões em lucros e dividendos

Bens de luxo também fazem parte da investigação

Entre os bens adquiridos com recursos do esquema, segundo a Receita Federal, estão:

  • Iate de 23 metros
  • Helicóptero Augusta A109E
  • Lamborghini Urus
  • Terrenos de motéis avaliados em mais de R$ 20 milhões

Chefe do esquema seria empresário ligado ao setor de combustíveis

O principal alvo da Operação Spare é Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho. Ele é suspeito de liderar um esquema de venda de combustíveis adulterados e lavagem de dinheiro via postos, motéis e franquias.

A Receita identificou 267 postos ligados a Flavinho que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões e pagaram apenas R$ 4,5 milhões em tributos — 0,1% do total.

Irregularidades fiscais e retificações suspeitas

A operação também detectou retificações de declarações do Imposto de Renda com inclusão de bens milionários em declarações antigas, sem a inclusão de rendimentos. Esse procedimento teria gerado um aumento patrimonial irregular de R$ 120 milhões para familiares de Flavinho.

Mandados em sete cidades paulistas

A Operação Spare cumpre 25 mandados de busca e apreensão em:

  • São Paulo (19)
  • Santo André (2)
  • Barueri
  • Bertioga
  • Campos do Jordão
  • Osasco

Participam da ação: 64 servidores da Receita Federal, 28 do MP-SP, além de representantes da Sefaz-SP e 100 policiais militares.

Outras ações simultâneas e novas medidas da Receita

Durante a investigação, surgiram conexões com alvos da Operação Rei do Crime e da própria Carbono Oculto, como o compartilhamento de helicópteros e viagens internacionais.

A Receita Federal também deflagrou a Operação Cadeia de Carbono, com apreensão de cargas avaliadas em R$ 240 milhões no Porto do Rio. No dia 24, o órgão publicou uma portaria para reforçar o combate a fraudes em importações de petróleo e derivados.