Jovem que matou a mãe em SC é ex-campeão de xadrez e não tinha antecedentes criminais
Medalhista em torneios, destaque acadêmico em um dos colégios mais tradicionais de Florianópolis e aprovado na UFSC
Davi Sulzbacher Gonçalves, de 23 anos, ex-campeão de xadrez e aprovado na UFSC, confessou ter matado a própria mãe, Lisete Sulzbacher, de 61, em Florianópolis. O crime, premeditado e cometido com extrema frieza, chocou vizinhos, professores e colegas do jovem, que até então não tinha antecedentes criminais.
O crime aconteceu por volta das 6h. Lisete Sulzbacher, de 61 anos, ainda dormia quando o filho entrou em seu quarto com uma faca escondida atrás do corpo. Disse que ia tomar banho, mas em vez disso, desferiu os primeiros golpes enquanto ela estava deitada. A lâmina quebrou. Davi foi até a cozinha, pegou outra faca e voltou para concluir o ataque — com frieza e método.
Depois, lavou as mãos, sentou-se e ligou para a polícia:
— “Oi. Eu matei minha mãe”, disse, sem hesitar.
Quando os policiais chegaram, encontraram o jovem sentado, com o rosto limpo, roupas sem marcas de sangue, sem lágrimas, sem desespero.
“Ela me manipulava”.
Em depoimento, Davi contou que planejou o crime. Afirmou que a mãe o controlava desde a infância e que teria forjado um laudo de autismo para submetê-lo. Disse ainda acreditar que foi dopado por ela antes de consultas com o psicólogo, para parecer mais debilitado e se encaixar no diagnóstico.
Segundo ele, não foi um surto. Foi uma decisão pensada. Não gritou, não correu, não chorou. Apenas esperou. E se entregou com a mesma frieza com que jogava nos torneios de xadrez.
Trajetória inesperada
Davi foi aluno exemplar no Colégio Catarinense. Em 2015, representou o Brasil no Campeonato Mundial da Juventude de Xadrez, na Grécia. Integrava a seleção catarinense da modalidade, participou do Festival Nacional da Juventude e venceu a categoria sub-16. Aos 17, foi campeão estadual. Aos 18, aprovado na UFSC. Nunca teve passagem pela polícia ou histórico de violência. O crime causou choque entre vizinhos, ex-professores e colegas.
Lisete será velada nas próximas horas. Era considerada uma mulher discreta e dedicada ao filho. Os dois moravam juntos e tinham uma rotina aparentemente tranquila — café da manhã, almoço, silêncio. Agora, resta o silêncio mais definitivo.
Davi está preso e vai responder por feminicídio. O caso é tratado como premeditado, com uso de meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.